Cultura, Disciplina e Resultados – Não existe ingrediente secreto

Nossa, que complicado hein?! Como relacionar cultura, disciplina e resultados? E essa frase aí do ingrediente secreto, o que tem a ver? Calma gente, vamos por partes. Vou falar sobre o que diferencia os atletas estrangeiros de nações desenvolvidas (ou com maneiras diferentes de encarar a vida) dos nossos atletas brasileiros.

Sou fã do desenho animado Kung Fu Panda (haverá continuação!! J), e acho que o adorável urso panda bonachão pode ser uma ótima analogia para este caso. Só para contextualizar quem não viu o filme, a história gira em torno de um pergaminho sagrado que concederia poderes ilimitados a quem o lesse. E a esperança dos mocinhos era depositada no pergaminho para defender a cidade do vilão. Mas qual a surpresa quando eles abrem o pergaminho e não há nada escrito? Nosso herói só consegue despertar seu verdadeiro potencial quando seu pai lhe diz: “Não existe ingrediente secreto.” Só assim ele foi capaz de enfrentar a batalha final e vencer seu temido oponente. Trocando em miúdos, enquanto depositar suas esperanças em coisas externas não deixará espaço para seu verdadeiro potencial interno despertar e elevar seu desempenho.

OK. E a cultura, disciplina e resultados? O que queremos no esporte, ou em uma empresa, ou na vida de modo geral? Não é atingir resultados que nos levem aos nossos objetivos? Entre onde estou hoje e o resultado que almejo, há um “gap”. É nesse espaço que se encontra a cultura e a disciplina. No processo de coaching sempre buscamos definir bem o estado atual e a meta. A partir disso trabalhamos com o plano de ação e isso envolve, entre outras coisas, prever certos obstáculos e como superá-los. Se já soubermos qual o caminho a seguir e quais as dificuldades iremos encontrar, é muito mais fácil lidar com a situação. Então nesse quadro temos plena consciência de onde e como estou hoje, onde e como quero estar (foco no resultado), e qual caminho trilhar e quais são os possíveis obstáculos. Nada de outro mundo, certo?

Façamos uma comparação agora de um relato que obtive de um amigo que é técnico de natação na Austrália. Ele me disse: “Ale, não existe nada de extraordinário lá. O técnico do Ian Thorpe me disse ‘make it simple’! Tenho atleta de 10 anos que eu posso dar a mesma série de 10×400 durante cinco semanas toda segunda-feira que ele não reclama. Mas eles sabem que é isso que vai levar ao resultado. No Brasil se você fizer isso todo mundo reclama, ah é chato, ah é isso, troca isso aí vai etc. A diferença é cultural, eles são dedicados e focados”. Fazer o simples é complicado porque exige disciplina, força de vontade e foco. No Brasil temos que “enfeitar” tudo para se tornar atrativo. Não temos disciplina para seguir o caminho nem foco no resultado, percebemos somente o imediato.

Conversando com amigos outro dia chegamos à conclusão de que brasileiro tem mania de querer apontar um culpado para tudo. Como se apontar o culpado fosse trazer a solução! Nosso foco está sempre no problema e não no resultado que queremos. Esse é outro fator cultural que invade o meio esportivo, quer um exemplo? Seu time perde um jogo, qual a reação imediata? Culpar o técnico, o goleiro, quem errou um passe, enfim. E ficamos semanas debatendo isso ao invés de encontrar uma saída para o problema. Tudo tem que ser justificável aqui. E errar é humano, o culpado pode ser qualquer um, a grandeza está em reconhecer o erro e trabalhar para corrigi-lo. Isso sim contribui para elevar seu desempenho, não achar o culpado e ficar por isso mesmo.

Voltando ao coaching, partimos da premissa de que se queremos resultados diferentes temos que ter ações diferentes, ou continuarei obtendo os resultados de sempre. E por que continuamos com a mesma cultura de depositar as esperanças em coisas externas, na religião (se eu não consegui é porque Deus quis assim), apontar culpados pelas falhas, não ter foco no resultado, postura indisciplinada? Está mais do que na hora do brasileiro sair de sua zona de conforto, e é exatamente o que fazemos no coaching. Ou ficaremos entregues ao pensamento “é assim, sempre foi e não vai mudar”? Posso não mudar o mundo, mas posso mudar meu mundo, minha realidade!

E então? Já descobriu qual é o ingrediente secreto? Ou melhor, qual é o seu ingrediente secreto? A Copa do Mundo e as Olimpíadas estão aí…ficaremos parados?!

“Disciplina é a ponte que liga nossos sonhos às nossas realizações” (Pat Tillman, ex-jogador de futebol americano)

“Quando a hora da ação chega, a hora da preparação já passou” (frase escrita em letras garrafais em uma das paredes da piscina da Universidade de Michigan, EUA)

Ligando um assunto no outro, aproveito o último post da Tici e pergunto a vocês o que acharam dessas ideias, me deem seus feedbacks!!

Forte abraço!

Alexandre Nakandakari

www.innercoaching.com.br