Mini Currículo
Há mais de 10 anos no mercado de palestras, Leila Navarro conquistou sólida carreira no Brasil e no exterior. Suas palestras já foram assistidas na Espanha, Chile, Uruguai, Panamá, Japão, México, Angola e Portugal. Nos últimos anos tem feito apresentações anuais no Japão e trimestrais na Espanha e Portugal. No Brasil, segundo a Revista Veja, integra o ranking dos 20 mais notáveis palestrantes brasileiros e já ganhou por duas vezes o prêmio dos 100 melhores fornecedores de RH – Categoria palestrante do ano (2005 e 2009).
Autora de catorze livros, entre eles, “Talento para ser Feliz”, “Talento a prova de crise”, “O poder da superação”, “Confiança, a chave para o sucesso pessoal e empresarial” e “Confiança, o diferencial do líder”, os dois últimos desenvolvido a quatro mãos com o consultor espanhol José María Gasalla. Leila Navarro mantém como base da sua carreira a inovação, a confiança, a sustentabilidade, o comprometimento e a capacidade de manter todos esses quesitos em altos níveis de satisfação e felicidade.
Para acessar artigos e o que saiu na imprensa sobre a profissional, acesse: http://www.leilanavarro.com.br/
Questão de Coaching: Quais as competências mais importantes que um palestrante deve desenvolver?
Leila Navarro: Na minha visão para ser palestrante a pessoa tem que ter talento, é como um cantor. Por exemplo, o Roberto Carlos: tem um timbre de voz interessante e também é compositor. Esse composto lhe dá um diferencial para fazer o que faz com sucesso. Por outro lado tem cantores que são somente interpretes, então tem que buscar outros diferencias para se sobressair. Esse talento pode ser aprimorado, mas se você não tem a menor vocação fica difícil. Quando comecei como palestrante a primeira coisa que eu precisei aprender e que foi um diferencial foi que eu fiz um plano de negócios e acredito que isso garantiu o meu sucesso no mercado. Eu fui empreendedora! Se a sua palestra for ótima, mas ninguém comprar, não adianta – algo está faltando. Você tem que saber analisar o que está errado e arrumar. Ser o empresário do seu próprio talento e se considerar como um produto. É fundamental ter noção do que é necessário para “empresariar” a você mesmo e identificar que tipo de ajuda vai precisar para transformar o seu produto (você com seu talento) em algo vendável. Depois que fiz o Empretec no SEBRAE por indicação do Roberto Shinyashiki, aí a coisa começou a deslanchar. Você também deve aprender a se olhar de fora e a identificar oportunidades de melhoria, esse é um exercício fundamental. Aprender a se fazer perguntas buscando o aprimoramento – O que está faltando? O que poderia ser melhor? Como poderia causar mais interesse?
Outro aspecto é investir muito em você mesmo como ser humano, no seu desenvolvimento como pessoa, na sua qualidade de vida, como ser pleno. Quanto melhor estou, melhor o meu desempenho. O trabalho que faço nas palestras é uma provocação, não sou uma palestrante que dá receitas prontas. Eu provoco inquietações, por meio da minha história. Outra coisa importante é ter consciência se o que você faz está te satisfazendo. Porque eu acho que há muitas pessoas que ficam na inércia: ela queria, ela sonhou, e ela pegou aquele pique e foi, nunca mais parou para pensar se isso a satisfaz, se dá prazer. Então isso é algo que temos que rever no casamento, em uma profissão, em todos os sentidos. Talvez as pessoas quisessem escutar de mim que para ser palestrante tem que aprender determinadas coisas, mas não dá para dar essas receitas. Eu acho que a coisa é mais macro, porque depois que você tem essa noção, o micro está ali. Se você não tiver essa percepção de se ver, a percepção de que você tem que estar muito bem, e saber se isso tem sentido para você, enfim…
QC: Mas em termos de palco mesmo, você acha que há competências que são mais importantes?
LN: Olha, eu nunca fiz teatro. Mas fiz expressão corporal, eu comecei a observar e assistir outros palestrantes – acho muito importante assistir outros palestrantes. Hoje em dia tem curso para palestrante, mas quando comecei não havia. Então comecei a assistir pessoas que eu gostava, que eu me identificava, outros que não gostava tanto, e eu fiz isso para saber o que eu não devo fazer. Porque se eles fazem, eu não faço, pois não teria um diferencial. Copiar eu acho um atraso de vida, para outras áreas pode ser que não, mas palestrante que copia não tem sucesso.
Quando você é um ícone, e um palestrante deve ser um, você não passa slide. Slide, em minha opinião, é para quem não sabe o que vai falar. Imagina se o Cortella (Mario Sergio Cortella) depende de slides, o conhecimento está dentro dele, você vai lá querendo beber o homem, é uma coisa maravilhosa! Quem usa slide e fica passando e lendo, fica de costas! Eu vi uma pesquisa falando sobre educadores e 90% dos professores ficam de costas para os alunos! Quem tem competência olha no olho, porque o conhecimento está nessa troca, não está em ficar escrevendo na lousa e copiando, ainda mais hoje em dia não tem cabimento. Se for usar slide, faz uma coisa bacana, provocativa, multimídia, hoje nós temos ferramentas para isso.
Mas voltando ao palco, há sempre o que melhorar. Roupa, por exemplo, eu sempre me apresento de um jeito e criei um estilo. Steve Jobs, ele criou um estilo. Eu sou sempre poderosa, com brilho, com exagero, esse é meu estilo. Eu entro com umas roupas e tiro, entro com estola e tiro, entro de sapato e tiro, jogo o sapato, gosto de dar palestra com o pé no chão. Isso é para criar uma irreverência. Mas o mais difícil não é o palco, são os clientes. No Brasil dou palestra em Belém, no Chuí, é totalmente diferente porque o público é diferente. Então o grande diferencial e expertise do palestrante é você saber se adequar às pessoas. Eu gosto de chegar ao lugar e sentir, conversar com um, conversar com outro, com o diretor, com o funcionário, para escutar e captar…
QC: Como foi seu início de carreira e quais foram os passos para se tornar a palestrante que é hoje?
LN: Foi uma coisa meio engraçada. Eu sempre gostei de falar. Eu era fisioterapeuta, tinha uma clínica de fisioterapia e dava curso nessa área. E eu queria dar aula em faculdade, porque eu achava que seria o máximo. Então, eu fui ser professora da faculdade de Mogi das Cruzes. Eu dava aula de um jeito completamente irreverente, porque eu queria que as pessoas saíssem do padrão e aprendessem de outra maneira. Quando eu fazia as provas, eu criava palavras cruzadas, colocava as cadeiras em forma de espiral, numa situação completamente diferente. Conclusão: eles fizeram um abaixo assinado para eu sair da escola (risadas) e como a faculdade era particular, o Coordenador pediu para eu sair…
Enfim, mas aí aconteceu que as empresas começaram a me chamar e eu acho que toda essa minha inovação, essa minha coragem, essa minha vontade, calhou… Também eu tinha me separado e fui aprender o Método Holfing no exterior, deixei de ser fisioterapeuta e fui ser holfista. O Holfing é uma coisa muito especial. Quando eu voltei para o Brasil, muito pouca gente conhecia isso. Eu comecei na televisão a falar desse método e fazer pequenos grupos para falar o que era o Holfing, então eu percebi que eu era boa para falar. Então eu estive na Ana Maria Braga e ela me convidou para eu ter um quadro no Programa dela – tive um quadro durante 1 ano onde ensinava a massagem pela televisão. Um dia a Ana Maria falou que alguém da Direção não gostou de alguma coisa que eu falei e eu precisei sair do Programa. Mas eu sempre acho que nada é por acaso, se as coisas não acontecem é porque vai acontecer algo melhor. Na semana seguinte a Rede Mulher me chamou para fazer uma entrevista lá e depois disso o Diretor me chamou na sala dele e perguntou se eu não queria fazer um programa nessa emissora. Eu comecei fazendo um programa semanal. O Programa chamava Qualidade de Vida e eu entrei nesta época na Associação Brasileira de Qualidade de Vida. Entrei no mercado por causa da Qualidade de Vida e as coisas foram acontecendo… Quando eu percebi, estavam me pagando para fazer palestras e eu tinha que deixar meu consultório para fazer palestras. Então tive que decidir: ou ficava no consultório ou ia para o Empretec (metodologia sobre empreendedorismo desenvolvida pela ONU e ministrada no Brasil pelo SEBRAE). Foi o Shinyashiki quem me deu a dica para fazer o Empretec. Outra dica que ele me deu foi me arranjar um assessor de marketing que ele conhecia, uma pessoa muito legal e séria. Eu era uma garota irreverente, nessa época eu tinha o cabelo muito crespinho… E ele queria me mudar inteira. Eu deixei ele falar, mas eu faço o que eu quero, nem o marido mandou em mim, porque não deu certo, e ele queria mandar…A ideia é que ele foi quem me vendeu para a KPMG. Ele disse que não me comprava, mas me vendia porque pessoalmente ele não gostava do meu tipo de palestra, porque é uma palestra mais de humor, mais irreverente, eu sou um pouco debochada, mas é um deboche inteligente. Hoje nós somos grandes amigos, mas ele continua não gostando do meu estilo de palestra.
Eu acho que a vida vai te levando para as suas coisas. Ela vai te dando oportunidades. Eu digo que estou na minha quarta carteira profissional. Os futurólogos dizem que nós teremos de 8 a 10 carreiras em nossas vidas e hoje você pode ter 2 carreiras ao mesmo tempo, então a coisa depende mais de você, não existe mais um modelo. Cada um é cada um.
QC: E aquela pessoa que não quer ser um palestrante, mas ela tem que dar palestras, que dicas importantes você daria para essa pessoa?
LN: Outro dia eu vi um palestrante dando uma palestra, o presidente da Cisco de Portugal , e eu fiquei encantada com a palestra dele. Ele não mostrou um slide, não mostrou nada, mas ele contou da sua experiência do que ele fez e viveu, e ele contou com tanta garra, com tanta gana, que fiquei encantada. Se você tiver que falar, não adianta ficar falando da teoria, fale de você, de seus medos, suas alegrias, suas dificuldades, seus desafios, como você está sentindo aquilo. Isso que é o diferencial: quando você se coloca na coisa. Não é falar o que todo mundo fala.
Uma coisa que eu não faço, mas já vi pessoas fazendo, é tirar a minha força. Eu dou a minha força. Eu nunca chego num lugar dizendo: “não, eu não sou palestrante…, eu não sei falar…” já se desculpando…
Mas se a pessoa chega e morre de medo de falar em público, ela está tremendo e suando, a coisa mais legal é ela chegar e rir dela mesmo. É falar assim: ”gente ó, sente a minha mão tremendo, mas eu vou falar…” Neste caso, ela mesma faz piada da situação, porque até vai relaxar e as pessoas estarão com ela. Se você tiver que se colocar para baixo é para se colocar igual ao outro e para valer a pena. O palestrante que tem sucesso, sendo profissional ou não, é quando ele é ele e tem o estilo próprio.
QC: Se você tivesse que deixar uma frase para nossos leitores, qual seria?
LN: A primeira frase que escrevi, que fiquei até emocionada foi: “Quando as coisas não acontecem como a gente quer, é porque ainda vai acontecer melhor do que a gente pensou.” Eu acho isto de verdade. Às vezes queremos tanto algo e a coisa não acontece do jeito que a gente quer, mas aproveite que vem algo que não é bem aquilo, mas pode ser uma oportunidade de você pode inovar. A gente tem que querer, tem que sonhar, mas tem que estar aberto, porque às vezes o planejamento é muito maior do que aquilo que você está pensando e você pode estar pensando pequeno para você mesmo.
Muito bom. Vale a pena investir tempo na leitura.
Olá Ana,
Que bom que gostou e recomenda!!!Foi muito interessante entrevistar a Leila e conhecê-la melhor – uma pessoa alegre, espontãnea e que gosta do que faz!
Continue participando do Blog com seus comentários e opiniões. Abrs
A Leila é uma profissional muito competente, respeitada e uma pessoa maravilhosa. Conheço de perto sua trajetória e tenho aprendido muito com ela.
Parabéns pela entrevista .
Estela
OLá Estela,
Pudemos conferir de perto que o que você fala é verdadeiro. Foi muito gratificante estar com a Leila e conhecê-la melhor, além de nos contagiarmos com a motivação que ela transmite.
Grata pelo comentário e continue sempre conosco!