Experimente tornar possível.

Recentemente assisti ao filme Voando Alto. Uma daquelas histórias leves, sem muito compromisso, que diverte e consegue trazer alguma mensagem. O enredo é sobre uma garota que sonha ser aeromoça e, apesar das dificuldades, persegue seu sonho. Trata-se de uma comédia romântica e por isso, surge um amor no meio do percurso e…bem, chega o momento em que ela precisa fazer um escolha – sim, é uma comédia, mas com uma pitada muito leve de drama. Vou parar por aqui para não estragar a surpresa caso você vá assistir ao filme, e partir para a associação que me inspirou a escrever este post.

O enredo me fez pensar sobre algumas coisas que acompanho junto aos meus coachees, quando estes buscam o coaching para ajudá-los a fazer escolhas que os aproximem mais de seus sonhos pessoais ou profissionais.

É muito interessante como muitos de nós tendem a pensar de forma convergente quando se trata de criar alternativas para mudar um percurso. Geralmente fechamos nossas opções em um ou dois caminhos que nos parecem os mais óbvios ou naturais para seguir. Esta atitude pode ser limitante, principalmente quando na bagagem trazemos receios, medos e crenças que parecem a todo momento nos empurrar para a conclusão de que não há uma saída viável. Mais sensato seria manter as coisas como estão, ficando no perímetro daquilo que já é conhecido.

Contudo, isto acontece não por falta de competência para imaginar outras possibilidades, mas sim porque atropelamos o nosso processo criativo, enumerando as dificuldades e obstáculos que podem surgir se esta ou aquela ideia for levada adiante. Ficamos presos àquilo que a inviabiliza e acreditamos que realmente não existe solução. Não nos damos conta do quanto enrijecemos nossa percepção com este processo de análise. A rigidez do pensamento empobrece a solução.

Walt Disney, em sua maestria, criou um método que nos ajuda a evitar o “assassinato de alternativas” e nos desafia a dar vida ao impossível . Numa tradução livre e simplificada, seu método consiste em:

• primeiro sonhar livremente, deixar que venham todas as ideias, sem qualquer crítica;
• depois separar o que é difícil e o que parece impossível;
• por fim, transformar o difícil em possível e o impossível em apenas difícil. E aqui está a mágica do processo: o impossível deixa de existir como tal e passa a habitar o mundo das viabilidades. Bingo!

Tornar o impossível apenas difícil ajuda a colocar nossos sonhos e desejos em campo. É como se mandássemos para o banco de reservas medos e crenças negativas e colocássemos  somente nossos melhores recursos internos atuando para vencer o jogo. E nos surpreendemos com o nosso potencial para criar caminhos antes impensados.

Normalmente nos damos conta de que a dificuldade não estava em “o quê” e sim no “como”. A ideia era impraticável naquele formato fixo que havíamos lhe dado, mas se torna factível com um novo desenho. Assim, o sonho pode se concretizar de maneira diversa da inicialmente concebida. Aliás, na maioria das vezes, aquilo que se torna realidade não se equipara à idealização. Às vezes o sabor não é de puro cacau, mas de chocolate ao leite; o local não é Paris e sim Pequim; a posição não é de presidência, mas de consultoria, enfim, o importante é descobrir a essência daquilo que se deseja e encontrar o meio mais adequado de concretizá-la. Em outras palavras, desprender-se de um único “como “ e ampliar a visão.

Isto também é muito válido quando se está diante de um conflito entre duas situações inicialmente incompatíveis. Foi isto o que aconteceu neste filme que mencionei: a personagem conseguiu encontrar um atalho para resolver seu dilema, concentrando-se na essência daquilo que a motivava profissionalmente e desta forma conciliou seus interesses profissionais e pessoais.

Em tempo: nem pense em dizer que eu estraguei tudo contando a conclusão do filme, até porque, se eu disse que se tratava de uma comédia romântica você já deveria esperar que o final, no mínimo, não seria infeliz, não é verdade? E além do mais,  o “the end” ainda é uma incógnita.

Obrigada pela companhia, nos encontramos em breve.

Márcia

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