Os Livros e a vida
Na última semana acabei de ler um livro maravilhoso, porém denso e triste. Preciso confessar que demorei em terminar a leitura; penso que teve uma causa para isso, não queria chegar ao final do livro e me deparar com os relatos dos campos de concentração e com a morte dos personagens (que foram reais) e que tanto me aproximei durante a leitura.
O livro trata das oito pessoas que viveram no anexo de um armazém em Amsterdam, durante dois anos da Segunda Guerra Mundial; dentre essas 08 pessoas estava Anne Frank, nesse livro ela não é a narradora da história, e sim Peter Van Pels, um rapaz de 15 anos que acaba se apaixonando por Anne Frank. A história traz um pouco da vida naquele ambiente claustrofóbico do anexo, como os relacionamentos se teciam e os anseios e perspectivas de vida trilhavam na mente de todos. Cada um no anexo tinha o seu papel e suas obrigações, entre eles, Anne e Peter: Anne escrevia com dedicação no seu diário para que todos um dia pudessem conhecer a sua história e Peter desejava a liberdade das ruas e da vida.
O livro é de ficção, porém baseado em fatos reais. Todos sabem da história e conhecem o incrível Diário de Anne Frank (quem não conhece, corre e vai ler); esse é um livro que também retrata as experiências dos judeus na época da Segunda Guerra Mundial, com a chegada dos nazistas ao anexo, o percurso até os campos de concentração, a luta para sobreviver e o desejo de ver o amanhã.
Sou suspeita para falar dessa temática; mesmo sendo triste e apavorante, me sinto curiosa e na obrigação de conhecer mais sobre a época, o que foi vivenciado e principalmente sobre os relatos dos que sobreviveram à guerra e aos campos de concentração. Sou judia, talvez seja por isso todo o meu envolvimento com essa história.
Durante toda a leitura do livro eu pensava: “E se fosse nos dias de hoje? O que eu faria ou como reagiria?” Não tenho e acredito que nunca terei essas respostas; só sabemos a força que temos, o quanto de fome e sede precisamos aguentar, como conviver entre 4 paredes durante 2 anos com as oito mesmas pessoas, quando somos obrigados a vivenciar situações tão drásticas.
Acredito que essa leitura nos traz a obrigação de pensar e refletir sobre o valor da vida, da liberdade da escolha, de beber água quando se está com sede, de comer quando se está com fome e principalmente na liberdade de ser quem você é, com nome, sobrenome, desejos e sonhos.
Gosto de livros assim, que me mobilizam, que me fazem ver a vida com outros olhos. Caso você também seja assim e ame o famoso Diário de Anne Frank, essa história é imperdível.
Informações adicionais:
Título: O anexo – A incrível história do garoto que amava Anne Frank
Autora: Sharon Dogar
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 288
Breve Apresentação:
Paula Barouchel Caracini
Formada em Psicologia com formação em Psicologia Analítica e Mestrado em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social; atua na área de Ação Social com Empregabilidade e Desenvolvimento. É natural de Salvador, mas reside em São Paulo, desde 2010 e pretende continuar “paulista”; é apaixonada por livros, pela liberdade da escrita e acredita que o autoconhecimento é a formula para a realização.
Parabéns Paula! Depois de tudo que li…vou com certeza comprar esse livro. Também fico muito sensibilizada com esta trágica época que os Judeus viveram. E não podemos deixar cair no esquecimento. bjs
Olá Cristina, segue a resposta da Paula:
“Cristina, realmente não podemos deixar cair no esquecimento; a leitura tem esse poder de nos fazer refletir e criar novos significados para épocas tão difíceis como as relatadas no livro. Eu indico a leitura também para não esquecermos de dar valor a nossa liberdade de sermos o que desejamos. Bjos!”