Não podemos nos iludir: mais do que doer, mudar dá muito trabalho. Não adianta delegarmos a outras pessoas essa dura tarefa – ou até mesmo abdicarmos – de provocar a verdadeira mudança em nós mesmos. E só pode ser em nós, pois não conseguimos mudar ninguém, assim como não motivamos ninguém! Quando muito podemos “inspirar” alguém, mas, se não houver predisposição e sintonia, também nada acontece. Buscar ajuda é mais do que recomendável. É um gesto de extrema grandeza, humildade e generosidade, uma vez que abrimos caminho para a solidariedade. Não existe transformação que seja unifatorial. O importante é ficarmos atentos à já conhecida tríade: mente, corpo e espírito. Stephen Covey, em seu livro “O 8o. Hábito – da Eficácia à Grandeza”, no capítulo que trata sobre o paradigma da pessoa integral, acrescenta mais um elemento aos três já citados, que é o coração.
O autoconhecimento, sem dúvida, parece ser a base de tudo. O terapeuta, o coach, o psiquiatra, o médico de confiança, a meditação, o relaxamento, a acupuntura e afins, os amigos e parentes, a busca pela espiritualidade, tudo isso, com certeza, pode e deve fazer parte do acervo que servirá para nos apoiar na mudança. Porém, se não assumirmos, de fato, as rédeas desse processo e se não formos os verdadeiros protagonistas da nossa vida, certamente não conseguiremos os resultados almejados. Teremos passado pela vida de forma incólume e, para os que acreditam, bastante frustrados por termos desperdiçado toda uma encarnação.
E como buscar força, coragem, resiliência, determinação, disciplina e perseverança para provocar uma mudança em nossa vida, seja ela qual for?
É evidente que não existe uma receita pronta e mágica, considerando que cada ser humano é único e reage às mudanças de diferentes formas. Mas, acredito que, antes de tudo, temos de reconhecer e desejar genuinamente essa mudança. E, principalmente, estar dispostos a abandonar a preguiça de ter de enfrentar o grande desafio que ela traz. Muitas vezes nos acomodamos em situações de extrema infelicidade por não encontrarmos forças para a transformação. E isso, invariavelmente, acarreta sérios prejuízos, principalmente em relação à saúde.
É preciso dar o primeiro passo e deixar de lado a ansiedade para que grandes mudanças ocorram em curto espaço de tempo e abrir o caminho para que, de fato, elas ocorram. Isso vai exigir, como já foi dito, disciplina, coragem, desejo sincero de mudar e um enorme autogerenciamento na linha do “orai e vigiai”.
Dar pequenos passos não significa atuar de forma rasa, superficial, trabalhando somente nas práticas, comportamentos ou atitudes. Como afirma Covey, em seu livro já citado, “Se queremos fazer aprimoramentos significativos, quânticos, trabalhemos nos paradigmas“. Ele exemplifica destacando a forma como se tentava curar as pessoas na Idade Média por meio das sangrias. “E qual era o paradigma? O mal estava no sangue, então era preciso extraí-lo. Agora, se não questionarmos esse paradigma, o que fazemos? Fazemos mais e mais rápido. E fazemos de forma menos dolorosa. Fazemos GQT ou Seis Sigma nas sangrias….organizamos brilhantes planos de marketing para poder anunciar que temos as sangrias de maior qualidade, de classe mundial.”
Ou seja, nenhuma mudança vai se processar de forma efetiva se não identificarmos a causa daquele comportamento. E, por vezes, teremos de rever, inclusive, a própria causa. Nada fácil, sabemos…mas, quem disse que mudar seria fácil?
Em relação às quatro dimensões/necessidades do ser humano, o autor define:
– Mente (Aprender, Crescimento e Desenvolvimento);
– Corpo (Viver, Sobrevivência);
– Espírito (Deixar um Legado, Significado e Contribuição);
– Coração (Amar, Relacionamentos).
A ênfase, no caso, está em “encontrar a sua voz interior” que, segundo ele, é a voz do espírito humano, cheia de esperança e inteligência, resiliente por natureza e ilimitada em seu potencial de servir o bem comum. “Voz é significado pessoal e único – significado que se revela quando nos deparamos com os maiores desafios e que nos coloca à altura deles.”
Aceitemos, portanto, esse grande desafio usando de toda a garra, coragem, disposição, autoconfiança e disciplina, sabedores de que estamos no comando desse leme, posição esta absolutamente pessoal e intransferível.
Abraços,
Malu Sanches
Executiva de RH, com sólida experiência em todos os subsistemas de recursos humanos, adquirida ao longo de mais de 20 anos em diferentes Unidades de Negócios do Grupo Abril. Formada em Psicologia, com especialização em Psicologia Social e do Trabalho pelo Instituto Sedes Sapientiae, onde também cursou Orientação e Aconselhamento Profissional, vindo a prestar atendimento de orientação vocacional a jovens e adolescentes na Clínica de Psicologia da PUC. Possui MBA em Recursos Humanos na FIA-USP. É qualificada pelo Método Quantum e credenciada pelo MBTI.
Malu querida, li o seu artigo. De fato, enfrentar as mudanças necessárias exige determinação. Minha filha Caroline diz que “ser feliz dá trabalho, mas vale a pena”!
Beijo. Marta Castilho
Olá Marta, há quanto tempo! Estive no CONARH e sempre que passava pelo stand da Dorsey, dava uma olhada para ver se você estava por lá, mas não dei sorte.
Vou encaminhar o seu comentários para a Malú, responder. Bjs,
Marta, obrigada pelo comentário. A Caroline está certíssima. O que vale mesmo é o desejo sincero em querer fazer algo para nos tornarmos pessoas melhores. Um beijo em ambas.
Excelente post!
Um ponto que é considerado de imenso valor é o citado a respeito da acomodação das pessoas diante do que faz parte de seus dia-a-dia, principalmente no quesito trabalho e obrigações. Quando você se acomoda em uma obrigação, ela passa a, cada vez mais, dominar você e fazer com que tenha desprazer em realizá-la, o que pesa na hora de mudar e faz com que você fique preso nela como se não pudesse sair. Sem perceber que, de fato, você sempre pode.
Homero, grata por seu comentário. Você tem razão: sair da nossa zona de conforto é bem difícil mas, quando conseguimos vencer essa barreira, descobrimos que o poder de escolha é libertador. Um grande abraço e nos visite sempre.