Case de sucesso – Marcelo Pires

Olá pessoal!

Nós do Questão de Coaching buscamos inovar. E nas muitas perguntas que fizemos a nós mesmos de como fazer isso, surgiu a ideia de publicarmos “cases de sucesso”. Casos de pessoas “comuns” que deram muito certo e que, com certeza, vão nos trazer belíssimas histórias, cheias de aprendizados e exemplos de vida.

Temos a honra e o orgulho de começar com a história de Marcelo, um sonho, um posto de gasolina e pessoas mais que especiais!

Aproveitem!

Era uma vez Marcelo Pires, um sonhador com o coração de criança. Como gente boa atrai gente boa, em 2001, ele encontrou Roberto Tranjan e Silvio Bugelli, idealizadores da METANÓIA – um programa voltado à educação de líderes empresariais – e toda equipe da Metanoia.

O processo metanóico ajudou Marcelo a resgatar algumas lembranças. Na sua infância foi marcante a forma carinhosa e afetuosa com que seu pai tratava Ronaldo, um menino da sua rua que tinha necessidades especiais. Quanto mais ele convivia com seu vizinho, mais percebia o quanto as diferenças são relativas. Esta viagem no tempo foi contribuindo para que ele tomasse consciência da sua essência e missão de vida. Dizem que dois grandes momentos na vida do ser humano são quando ele nasce e quando descobre a razão de ter nascido.

Marcelo teve essa sorte: “Voltando da Metanóia eu fiz um projeto e começou a me dar um prazer gigante. Sabe aquela coisa que você fala ‘nossa, essa é minha missão de vida!’. Comecei a falar com o Roberto. Eu falei: ‘Betão, você já imaginou? As pessoas não descobriram ainda o quanto uma pessoa com deficiência física pode ser útil no mundo. Pode ser até melhor do que uma pessoa que não tenha nenhum tipo de deficiência!’

Se Roberto Tranjan foi quem o iluminou, Silvio Bugelli foi quem o incentivou e o ajudou a tomar a decisão de deixar a promissora carreira como diretor comercial de uma empresa ligada à gastronomia para, através de um posto de gasolina, dar forma ao Posto de Serviço ao Próximo Solidar. Aos olhos de muitos parecia loucura. Mas, “Loucura é não sonhar”, diz Marcelo. Roberto Tranjan, com seu conhecimento e experiência, explica um pouco deste fenômeno: “Telo fez contato com o desejo íntimo dele. O desejo é diferente de vontade. A vontade passa e o desejo não. O desejo nunca te larga… Quando alguém realmente descobre sua missão, não titubeia… A força que o desejo íntimo tem é impressionante, nada te segura”.

Hoje, a Solidar é a realidade que convida não só Marcelo, mas todos ao redor, a desejar um mundo melhor. Hoje no formato de uma empresa de consultoria, transcende o trabalho fora do posto e passa a iluminar outros estabelecimentos.  Fonte: Regina Magalhaes no site solidar.

1. O que é Sucesso para você?

É quando se alcança todas as formas de riqueza (não somente dinheiro) durante sua evolução íntima. Acredito que, quando um empresário ou líder passa a perceber que a riqueza econômica é somente uma de tantas outras e percebe que sua equipe (gente), clientes (gente) e o motivo porque está envolvido (propósito ou causa) em um projeto também são riquezas e consegue navegar em todas elas de uma forma sistêmica, isso é sucesso.

2. O que você acredita que gerou o seu sucesso?

Acredito que tudo começou com um propósito, descoberto durante um programa de educação, de servir uma necessidade pouco trabalhada: incluir, incluir e incluir! Quando percebi que o meu negócio poderia ser muito maior do que uma empresa visando somente lucro, acelerei e acreditei no sonho. Algumas características que atribuo ao sucesso foram: 1. viver os valores virtuosos; 2. acreditar no potencial humano; 3. perceber que o grande negócio é canalizar as energias vitais no lado cheio do copo e trabalhar o lado vazio.

3. Conte-nos o que levou ao surgimento da sua ideia e que etapas você percorreu desde esse momento até os dias de hoje.

Percebi que as pessoas com deficiência física estavam marginalizadas e decidi trabalhar por essa causa. Esse trabalho começou em 2001 quando me desliguei de uma empresa onde era diretor executivo e comprei um posto de gasolina na praia das Cigarras em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Este posto pertencia a uma bandeira pouco reconhecida e minha inexperiência no ramo me fez perder todo investimento que tinha no primeiro ano.

Quando não restavam mais esperanças porque estava sem capital para investir, faltando combustível por dois dias e sem dinheiro para comprar mais, recebi uma ligação de uma senhora desconhecida perguntando se o meu combustível já havia chegado. Quando perguntei se ela fazia questão de abastecer no nosso posto, ela respondeu que toda sua família fazia sim muita questão por conta da energia que sentia ao ser atendida por uma equipe de pessoas especiais e que, além da energia que movimentava seu carro do ponto a ao b, também sabia que sua alma ficava abastecida a cada visita no posto.

Neste momento, me senti orgulhoso e desesperado. Orgulhoso porque percebi que havia conseguido externar o meu sonho e que os clientes já estavam percebendo a grandiosidade do meu negócio, e desesperado, pois não tinha nem ideia de como reverter uma situação onde nem mais crédito bancário eu tinha; foi uma emoção e tanta.

Neste momento reuni todos os meus colaboradores, já quase que missionários por trabalharem por uma causa, e expus a situação. Um deles sugeriu emprestar um talão de cheques em branco para que eu comprasse o combustível, pois ele, mesmo com um salário de frentista de posto estava com o nome limpo e, muito mais do que o nome, estava com a alma plena de desejo em participar de um evento grandioso, a causa Solidar.

Pouco menos de um ano já estávamos quase encontrando nosso ponto de equilíbrio financeiro e com muitos projetos ligados a solidariedade que sempre foram praticados e desenvolvidos pela nossa equipe. Fui convidado pelos meus amigos e parceiros da Metanoia, Silvio e Roberto, para apresentar o projeto para seus seguidores e neste dia abrimos o capital da Solidar. Este grupo acreditou e acredita no trabalho de luz que a Solidar propõe.

Anos depois, outro grupo de Metanóicos entraram e hoje temos 33 investidores chamados “Anjos Investidores”. Com essa entrada de capital, conseguimos comprar o imóvel, trocar a bandeira, ampliar o negócio, adequar às novas leis rigorosas da CETESB, enfim, potencializar o nosso canteiro de luz.

Quando acreditei que tudo já estava perfeito e que já estávamos no pleno paraíso, choveu, choveu e choveu, devastando quase que todo o investimento que havíamos feito em menos de dois anos, foi terrível. Por conta desta ocasião, praticamente todo o meu capital caiu literalmente ralo abaixo. Além do tempo que tivemos que ficar parados com os tanques interditados por conta do acidente, tivemos que reconquistar nossos clientes que já sabiam que nosso posto havia sido devastado por água e barro.

Neste dia surgiu a ideia de avançarmos no que melhor sabíamos fazer, vender energia, e decidimos fazer a campanha do abraço: “abasteça e ganhe um abraço”. Foi genial, pessoas paravam seus carros a caminho da Ilhabela e corriam para abraçar anões, cadeirantes, amputados, gente do bem a espera de gente do bem. Nesta época ganhamos aproximadamente 97 matérias gratuitas, as pessoas desejavam falar sobre boas ações e nobres causas.

Ainda com tudo isso, tinha um problema difícil de resolver que era uma promessa aos meus Anjos Investidores de expandir a causa fora do posto.

Nunca me senti um dono de posto e sim um líder educador ajudando uma comunidade e resgatando um a um com toda dedicação da minha vida.

Por fim, conseguimos criar uma bonita parceria com o Grupo IMC, proprietários do Frango Assado, Viena, Brunella entre outros, e isso fez com que meu sonho fosse realizado. Eles se interessaram pelo nosso propósito da inclusão, construíram um restaurante Frango Assado e uma sorveteria Brunella no nosso imóvel, assumiram nossa operação e mantiveram todo o conceito. Além desse trabalho no nosso posto escola, foi consensado implantar esta causa em todo o grupo, já começando no hospital Albert Einstein e em toda rede Frango Assado. Vamos retirar vendedores de balas de cadeira de rodas do farol de São Paulo e quem sabe do Brasil todo.

Além desse trabalho focado ao grupo IMC, a Solidar expandiu para uma empresa de consultoria com cinco consultores preparados e motivados pela causa. Já implantamos a inclusão e propósito em dois postos em Guarulhos, um mercado em Ilhabela e estamos prontos para expandir ainda mais.

4. Qual é o seu próximo passo?

Transformar o conceito de cotas em propósito. Como fala o meu amigo Tranjan, fazer de uma relação objeto x objeto virar relação sujeito x sujeito. Meu propósito é mudar o conceito de contratar a cadeira para contratar as pessoas sobre a cadeira.

5. O que realmente fez a diferença?

Escolho a palavra amor como a principal fonte de energia de um líder ou empreendedor, pois é a única maneira de combater os nossos medos. O medo congela, trava e apaga a chama que existe em nós; o desejo de amar a si e aos outros é, em minha opinião, a forma mais plena de caminhar.

6. Qual mensagem você gostaria de deixar para nossos leitores?

Busque um propósito, nunca um trabalho! Trabalho sem propósito só proporciona alcançar a dimensão econômica, ele o limita; já com propósito você vai experimentar os grandes sabores de todas as riquezas.

Marcelo Pires

www.gruposolidar.com.br/

Youtube: Posto Solidar