Como todos nós provavelmente já sabemos, o medo é benéfico quando cumpre a função de nos tornar alertar e ajudar a evitar danos sérios a nossa vida. Porém é limitante (e irritante) quando nos paralisa e impede nossa evolução.
O medo é parte da nossa vida, entretanto deve ser aliado e não inimigo.
Corremos o risco de viver nossas vidas de maneira morna quando, como proprietários destas, nos resignamos a nada fazer diante de nossos temores, optando por fortalecê-los com justificativas racionais (que se confrontadas muitas vezes se mostram irracionais) que nos afastam das lentes da possibilidade e da responsabilidade de agir para obter o que queremos.
Temos medo de expor nossas ideias e opiniões e elas não serem bem vistas ou aceitas – e com isso escondemos nosso potencial ou perdemos a oportunidade de provocar mudanças; de reconhecer nossos pontos fortes e sermos considerados prepotentes; de falar em público, em função geralmente de pensamentos que nos assombram a respeito do que se passa na cabeça da plateia ou de passar por ridículo; receio de pedir aumento e levar um não – melhor ficar apenas com o possível e não a correr o risco; de dizer a um colega, nosso colaborador ou nosso líder, como avaliamos seu trabalho – e com isso deixamos de contribuir com seu desenvolvimento.
Medo de investir em nossos sonhos, mudar nosso modo de vida que não mais nos satisfaz e correr os riscos inerentes – e este receio normalmente vem acompanhado de justificativas sobre o quanto o meio nos impede de ir adiante, quando na maioria das vezes a raiz do obstáculo está na falta de autoconfiança e coragem.
A lista deste companheiro é interminável. E o que fazer, diante dele?
Há três passos básicos que podemos adotar:
Passo 1: reconhecer nossos medos e questioná-los. O que os fundamenta? Em algum momento eles foram gerados porque nos sentimos vulneráveis, mas será que fazem sentido ainda hoje? Eles nos protegem ou nos oprimem?
Passo 2: confrontá-los. O que de pior pode acontecer diante deste confronto? É conveniente lançar-nos perante aquilo que provoca receio, contendo na bagagem algumas hipóteses do que pode ocorrer e nos prepararmos para lidar com as situações possíveis, pois isto nos dará segurança. Enfrentar requer coragem, pois esta é a hora em que nosso potencial é testado e há sempre o risco de não sermos bem sucedidos na primeira tentativa – o que não inviabiliza o sucesso nas próximas.
Passo 3: vencê-los. O medo perde sua força diante de resultados palpáveis e objetivos, que demonstram sua inconsistência. Perde seu caráter de bicho-papão. Cada receio superado com atitude é um tijolinho na construção de nossa autoestima, um ponto somado à autoconfiança.
Porém estes passos não são apropriados para alguns tipos de medos, aqueles sobre os quais sentimos não ter controle (e por vezes não temos): de assalto, da violência, de adoecer – estes estão na lista dos temores que nos beneficiam, quando nos colocam na posição preventiva. Aqui a alternativa é criar estratégias para conseguir lidar com o que nos assombra, evitando que nos paralisemos e deixemos de seguir nossa vida como gostaríamos.
É importante ter em mente que a submissão aos nossos medos não é uma imposição das circunstâncias em que vivemos e sim uma questão de escolha que, como tal, tem seu preço.
Obrigada pela companhia, nos encontramos em breve.
Márcia
Parabéns, Márcia pelo excelente artigo, vou procurar coloca-lo em pratica e lutar contra meus medos. Beijos
Olá Elaine, que bom que ele lhe foi útil. Confie em seu potencial e compre uma passagem só de ida para os medos que a impedem de chegar onde você deseja!!! Um beijo e obrigada pela presença no nosso blog.
Perfeito ! ! Somos o mapa, não o território. Abraço
Olá Dante. Seu comentário me fez pensar que muitas vezes nós desenhamos o nosso viver a partir de mapas contornados por medos e acreditamos que esses mapas representam as nossas possibilidades reais (metaforicamente, o território). Só que isto nos impede de viver a nossa vida em toda a sua potencialidade. Um beijo e obrigada pela contribuição.
Márcia, obrigada mais uma vez! Estou despachando os meus medos para o Nepal! Sei que é difícil mas vou consegui. Beijocas
Olá Anita, aposto que com os seu medos no Nepal sua vida ficará bem mais interessante, pois a energia que você usa para alimentá-los poderá ser liberada para fortalecer o que é importante para você . Um beijo e obrigada pela visita.
Oi Márcia, li seu artigo e achei excelente! Mesmo inconscientemente fui praticando as dicas em algumas situações na minha vida, e foi bem isso mesmo. Quando percebi que não havia motivo para ter medo a coisa fluiu bem e naturalmente. De qualquer forma, acho eu que o ser humano tende a acabar com alguns e a criar novos. Por isso, policiar sempre e fazer as escolhas do que é mais importante para cada um é muito importante! Bjs
Olá Deise, muito obrigada pela gentileza de compartilhar sua experiência. Você fechou muito bem o texto com este recado que. estou certa, fará sentido para nossos leitores. Um beijo, foi bom receber sua visita.
ótimo texto, Márcia. Ainda essa semana a Folha publicou um artigo da Suzana Herculano-Houzel, com o título “Apesar do Medo”. A contribuição da neurociência acerca desse tema é que estudos recentes mostram que “a coragem não é a ausência do medo, e sim o controle que permite a ação apesar do medo”. É função de uma parte do córtex subgenual, que suprime a influência do medo sem reduzir sua percepção. E, como tudo na vida, dominá-lo vai requer muito treino, foco, capacidade e controle. Parabéns!
Malu, muito bacana sua contribuição.Os estudos da neurociência me interessam muito e têm sido bastante úteis para nos ajudar a entender como funcionamos e encontrar alternativas para lidar com questões que antes colocávamos no campo do impossível. Obrigada por compartilhar. Um beijo.