Usei esse texto em um programa de desenvolvimento de líderes, logo após uma técnica que provocava reflexão sobre o quanto deixamos de enxergar, em função da correria, costume e hábitos. Como na segunda-feira, escrevi sobre a importância de fazer coisas novas pela primeira vez, achei que olhar as coisas pela primeira vez também é um ponto relevante e decidi compartilhar com vocês leitores. Ai vai!
De tanto ver, a gente banaliza o olhar – vê não vendo.
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é: O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe.
De tanto ver, você banaliza o olhar. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe um bom dia e, às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro faleceu. Como era ele? Sua cara? Sua voz?
Como se vestia? Não fazia a mínima ideia.
Em 32 anos, nunca conseguiu vê-lo.
Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver: gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira
vez, o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher.
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
Otto Lara Rezende
Yara Leal de Carvalho
https://www.facebook.com/questaodecoaching
Muito bom.
Olá Lúcia, que bom que gostou. Continue conosco! Abrs