O título deste post vez ou outra é também tópico investigado em entrevistas de emprego. E, posso afirmar que é sem dúvida, um assunto espinhoso, evitado por muitos. Algo como aquele prato em que poucos são apreciadores.
Tenho aprendido que não adianta torcer o nariz para a pressão, pois ela é um componente da vida. É uma das forças presentes na natureza e, portanto, ao lutar contra ela gasta-se muito mais energia do que aprendendo a conviver e a extrair dela o que nos seja útil.
Sim, há muita pressão ao nosso redor:
Alimentos são preparados sob pressão, pneus dos carros dependem de pressão para rodar com segurança, os níveis de pressão atmosférica também interferem na produção de alimentos, respiração humana, etc.
No trabalho também utilizamos a palavra pressão, dando significado à soma das expectativas, cumprimento de promessas, prazos, etc.
Quanto maior a expectativa de solução, maiores serão os níveis de pressão pelos resultados. Em geral, os níveis de pressão são inversamente proporcionais ao prazo desejado, ou seja, quanto menor o prazo que você tiver para realizar sua entrega, maior será a pressão para que seja realizada a tempo e com qualidade.
E, quanto mais competitivo for o mercado e área de negócios que você atuar, maiores os níveis de pressão e tensão por resultados melhores, em menor prazo, com os melhores custos. Ouve-se a cada dia: “fazer mais com menos“. Pressão por resultados, por melhores condições de sobrevivência.
É fato que pressão está presente em nossas vidas, mas ela é sempre saudável?
Refletindo sobre esta pergunta, encontrei alguns elementos para provocar nossas discussões:
Há um velho ditado popular, em que dizemos: “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Sim, pois mesmo o mais eficiente medicamento, pode se tornar uma arma em caso de superdosagem. Ou se consumido a menor do que o prescrito reduz-se a eficácia do tratamento, ou seja, somente a dose certa, pesquisada, indicada por especialista pode ter os melhores resultados.
Tomando este raciocínio como base, creio que já ficou mais fácil de descobrir em qual nível de pressão devemos viver. Em meu Caminho tenho aprendido que está no equilíbrio das forças o segredo dos movimentos harmônicos, agradáveis e cheios de valor.
Um violão, por exemplo, depende do nível correto e equilibrado de tensão em suas cordas, e somente assim, consegue-se extrair dele as notas corretas no tom adequado. Para cada melodia, ambiente, músicos, há uma afinação ideal. Caso contrário, ou o som fica desagradável, mesmo para ouvidos destreinados, ou as cordas arrebentam, em caso de excesso de tensão. Bons músicos ensaiam frequentemente e buscam a melhor afinação, melhor fluidez, maior e melhor repertório em suas apresentações.
Novamente, o equilíbrio é o fator chave para a harmonia.
Acredito que precisamos de líderes que saibam agir como bons músicos, que zelam de seus instrumentos (equipe) e, que ensaiam (treinam) constantemente em como produzir com eles, as melhores melodias (resultados), com afinação perfeita (qualidade), gerando a melhor experiência em sua plateia (expectativas da empresa, acionistas, etc).
Neste caso, liderar poderia ser comparado a buscar o nível correto de tensão (pressão) a ser exercido a cada corda do seu violão. Para cada música a ser tocada, em cada corda, um nível diferente de tensão deve ser empregado. Assim pode ser na equipe, onde a liderança precisa conhecer diariamente, qual o nível de pressão pode colocar em cada componente, para conseguir a melhor performance, no melhor ambiente de trabalho.
Quantos de nós desistimos facilmente nas dificuldades?
Quantos que ao ganhar ou comprar um violão, por exemplo, entram em um curso, até começam a aprender tocar o instrumento, tiram as primeiras notas, as músicas mais básicas e simples. Mas quando vem a aula da “pestana” ou o “dedilhado”, ou seja, posições mais difíceis e exigentes, logo as dificuldades colocam o velho violão na lista do “desapega”…
O mesmo acontece com chefes. Conheço muitos profissionais que ao serem promovidos, tempos depois caem na armadilha de deixar de ensaiar (treinar) novas músicas, pois receberam mais pressão, e com o tempo, devolvem intensidade errada de pressão para a equipe e esta, como um violão desafinado, produz muito aquém do que se espera… música ruim, repertório fraco, salão vazio, cantor desempregado… esse é o resultado.
Aproveitando um trecho da letra da música interpretada brilhantemente por Leila Pinheiro, escrita por Walter Franco, chamada “Serra do Luar”, quero concluir este artigo, pois encontrei nela uma reflexão profunda sobre a forma de agir sob pressão:
“…Viver é afinar o instrumento (de dentro)
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
(…)
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo…”
O que tenho aprendido é que procurar o equilíbrio emocional pode ser um bom começo. Pensar menos e agir mais, arriscar mais e reclamar menos, experimentar mais e fugir menos, aprender mais e desistir menos… Aos poucos equilibrar-se no caminho. Colocar energia na tentativa e aprendizado na caminhada.
Fugir da pressão? Jamais! Preciso dela para provar que consigo vencê-la.
Tenho certeza que não é nada fácil, mas, como um bom músico, não me cansa de ensaiar todos os dias.
E agora, consegue viver sob pressão?
Abraços.
Rodrigo.
Rodrigo Corrêa Leite, graduado em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Empresarial e em Gestão Industrial. Em suas pesquisas para o curso de mestrado em Engenharia de Produção, com linha de pesquisa em Gestão do Conhecimento e Inovação, concentrou estudos no desenvolvimento de modelo de educação com foco executivo e corporativo, as Universidades Corporativas. Com mais de 10 anos de experiência no mercado de alimentos e no meio acadêmico, atualmente está responsável pelo projeto da Universidade Corporativa do Grupo 3corações, onde também atua como um de seus professores executivos.