Em minha experiência como Coach, tem me chamado muito a atenção como as pessoas direcionam suas ações e comportamentos mais baseadas em suposições do que em fatos.
Que tipo de problema isto pode nos trazer? Por que é importante separar esses dois aspectos?
Fato é aquilo que realmente aconteceu, é observável, podemos descrevê-lo e qualquer pessoa que estiver presente irá descrever de forma praticamente idêntica.
Suposição é o que acreditamos que está por trás daquela situação, é o que achamos que foi a intenção do comportamento de determinada pessoa, mas não temos como justificar através de evidências que comprovem a nossa percepção. Não podem ser observados e provavelmente, duas pessoas presentes na mesma situação, poderão fazer suposições diferentes.
Formamos modelos mentais a partir de suposições, atribuindo significados que não correspondem à realidade.
Em geral nossas suposições estão baseadas em nossas experiências anteriores, em nossas crenças sobre nós mesmos e sobre a pessoa com a qual estamos interagindo.
Se tenho uma baixa autoestima posso ter a tendência a interpretar as ações de outra pessoa como uma ameaça, como uma crítica, como um julgamento que comprova minha crença de inferioridade. Se faço essa interpretação a tendência é aumentar a minha insegurança e me fechar ainda mais ou então reagir de forma agressiva como uma forma de intimidar a outra pessoa e me colocar numa posição superior. Se pedimos para essa pessoa descrever a situação e trazer evidências de que a pessoa agiu daquela forma por considera-la inferior, em geral ela não consegue apontar nenhum fato concreto que comprove sua percepção.
Chris Argyris explica esses comportamentos quando fala da “Escada da Inferência”. Segundo sua teoria,” selecionamos dados a partir do que observamos, atribuímos significado a esses dados, criamos pressupostos baseados nesse significado, tiramos conclusões, adotamos crenças (suposições) e agimos com base nessas crenças (suposições). A partir destas ações obtemos resultados que criarão mais dados observáveis e que influenciarão quais dados selecionaremos no futuro, reforçando nossas crenças (suposições)”.
A questão é que, em geral, reagimos automaticamente diante destas situações e só nos damos conta depois do ocorrido e algumas vezes nos sentimos desconfortáveis com a forma com que lidamos com a situação.
Muitos relacionamentos e muitos conflitos podem ser gerados quando nos deixamos guiar por nossas interpretações e muitas vezes deixamos de obter bons resultados profissionais e utilizar todo o nosso potencial por criarmos um cenário e uma imagem de nós mesmos baseados em dados subjetivos.
Minha sugestão é que, antes de tomar qualquer decisão ou ação em relação a determinada situação, pessoa ou em relação a si mesmo, pare e procure identificar o que realmente é fato na situação que você viveu e o que é apenas interpretação ou suposição. Fatos não podem ser contestados mas interpretações podem existir várias e não necessariamente a que você fez é a verdadeira.
Procure por evidências e, sempre que possível, converse com as pessoas, esclareça as situações, não perca nenhuma oportunidade de obter feedbacks e peça exemplos dos comportamentos que ela observou em você que comprovem aquele julgamento. Não se deixe levar por suposições que podem prejudicar sua carreira e seus relacionamentos.
Durante o processo de Coaching o Coach apoia o Coachee na confrontação das suposições, buscando ampliar as possibilidades de ação com base no que realmente foi observado.
Abraços
Clarice Perrone