Para não voltarmos muito no tempo, no dia 28 de outubro de 2012, matéria veiculada no Caderno de Economia do Jornal O Estado de S. Paulo, trazia como título: Os líderes avisam: faltam líderes no mercado. Faltam líderes para sustentar as estratégias de crescimento das empresas nos próximos cinco anos. Essa afirmação na citada matéria não vinha apenas de Analistas de Mercado de Trabalho, e headhunters. Esta era a visão dos próprios líderes segundo estudo então realizado pela consultoria de negócios Empreenda. Foram entrevistados 840 presidentes, líderes de áreas de negócios e diretores durante o Congresso Nacional de Recursos Humanos (Conarh 2012). Para 87% dos entrevistados, as empresas brasileiras não tinham líderes suficientes para lidar com os desafios atuais e futuros das organizações. Segundo o presidente da Empreenda, César Souza, esse índice vinha piorando com o passar dos anos. Em 2009, quando esta pesquisa começou a ser realizada, 63% dos executivos entrevistados demonstravam essa percepção. Em 2011 esse numero tinha ido a 71%. Naquele Conarh de 2012 César Souza afirmava que “a falta de liderança seria o calcanhar de Aquiles da expansão das empresas para os próximos anos”. Os especialistas parecem concordar com o entendimento de que os 21 anos de período autoritário (1964/1985) e o nosso modelo educacional visto nas escolas ainda hoje, e eu acrescentaria ainda o contexto familiar onde fomos educados na nossa infância e adolescência; períodos esses onde ouvimos muitos “nãos”, onde as manifestações contrárias não eram/são bem vindas e onde as diferenças individuais não eram/são administradas segundo as boas práticas de desenvolvimento de pessoas. Além do que, segundo os especialistas, o crescimento acelerado da economia nesses anos, levou as empresas a acelerar o desenvolvimento das pessoas promovendo-as para posições de liderança antes que estivessem prontas.
Pesquisa realizada pela Consultoria HayGroup em 2016 com 275 grandes empresas, mostrou que 74% dessas empresas reconhecem um problema: elas não têm profissionais capazes de assumir posições nos próximos três anos. Ou seja, três em cada quatro empresas brasileiras não têm profissionais capazes de assumir posição de liderança de acordo com a pesquisa. Levantamento realizado pela FIA (Fundação Instituto de Administração de São Paulo) registra que, nos momentos de crise, enquanto boa parte do mercado enxuga o orçamento para treinamento e formação de lideranças, planeja demissões e a substituição de profissionais com maior remuneração por outros mais baratos, algumas companhias como Ambev, Johnson&Johnson, Dow, Consultoria Accenture, GE, Gerdau, apenas para citar algumas, aceleram os investimentos em pessoas (programas de coaching, mentoring, MBAs, programas de sucessão etc.) e, por isso, são consideradas as melhores formadoras de líderes no Brasil. Esta mesma pesquisa do HayGroup mostra que a maioria dessas 275 empresas pesquisadas vem diminuindo o orçamento da área de Recursos Humanos. E, uma das áreas mais afetadas foi a de Treinamento e Desenvolvimento. Mesmo assim, os Executivos consultados afirmam que a formação de lideranças é um dos principais desafios da Companhia.
Os principais desafios para as empresas apontados pela pesquisa:
48% = Desenvolver e capacitar lideranças
28% = Melhorar o clima organizacional
20% = Repensar a estrutura
18% = Planejar a sucessão
Investir em gente é uma das decisões de negócios mais acertadas num momento de turbulência. É sobretudo durante uma crise que os líderes têm de tomar as decisões difíceis que permitirão à Companhia sair-se melhor do que seus concorrentes (David Ulrich – Prof. Univ. Michigan EUA e um dos mais renomados especialistas em liderança no mundo).
Fausto A. Duarte
Graduação em Psicologia e Mestrado em Gestão por Competências (PUC/SP); nos últimos 15 anos vem atuando em Consultoria de Recursos Humanos desenvolvendo e aplicando programas de treinamento e desenvolvimento para Lideranças e Equipes e projetos relacionados a Mapeamento e Construção de Modelos de Competências, Seleção por Competências, Avaliação e Gestão de Desempenho, Mapeamento de Cultura Organizacional, Coaching Executivo e Transição de Carreira.