O tema “Liderança” denota ainda certa complexidade provavelmente devido às suas múltiplas e infindáveis abordagens e definições e por se fazer presente nas várias áreas do conhecimento e na nossa vida familiar, política, educacional, jurídica, terceiro setor, organizacional etc. Complexidade também porque os autores e estudiosos apresentam visões diferenciadas, complementares ou contraditórias sobre o tema. Por exemplo: líder já nasce líder? O bom líder precisa/deve ser carismático? É possível mudar o estilo de liderança? O bom líder deve ser querido/gostado pelos seus liderados? O que as empresas esperam de seus lideres? E, finalmente este tema é considerado um assunto complexo por ser fluído e transitório.
Certamente nós que apreciamos degustar o tema Liderança temos notado o interesse daqueles que já são líderes/gestores e daqueles que têm a pretensão de um dia o serem no sentido de buscarem material/conteúdo sobre Liderança. O que esse grande interesse pode revelar sobre o nosso tempo e sobre os desafios das organizações e dos profissionais que fazem parte delas? Uma das razões pode ser a contínua pressão que particularmente os líderes sofrem nas Organizações: pressão por fazer diferente da concorrência, pressão por resultados, lidar com a complexidade cada vez maior no mundo dos negócios, gestão eficiente de custos, necessidade de inovação, exigências dos clientes/consumidores, assegurar o alinhamento e o engajamento das equipes, pressão por desenvolver e reter talentos etc. Ou também, porque não foram e/ou não se sentem preparados para ocupar a posição de liderança e, agora a vida não permite mais aprender a brincar de ser líder. Finalmente e não menos importante, o interesse que o tema ainda desperta deve-se ao fato das empresas terem descoberto que uma liderança eficaz faz a diferença para a produtividade da área, para os resultados/estratégia da empresa, para a imagem da Companhia e consequentemente para a perenidade dos negócios.
Uma rápida pesquisa em qualquer boa livraria vai nos revelar a existência de mais de 300 títulos sobre liderança. Uma “googada” sobre o tema vai nos apresentar mais de 5 mil links (publicações, artigos, fóruns de discussões, dissertações, teses) sobre este assunto. A variedade de abordagens/adjetivação do tema na literatura e nos programas de treinamento e desenvolvimento, ao longo tempo, é numerosa: liderança motivacional, liderança situacional, liderança inspiradora, liderança participativa, liderança empreendedora, liderança transacional, liderança transformacional ou transformadora, liderança para resultados, pipeline da liderança, liderança baseada em valores, liderança e espiritualidade, liderança servidora, liderança e gestão de pessoas, liderança coach… apenas para citar algumas. Certa vez fui surpreendido com a pergunta de um participante: “professor”, o título da apostila é “Liderança Transformadora”; mas existe liderança que não seja transformadora? E não podemos esquecer dos clássicos Estilos de Liderança de Daniel Goleman e David McClelland e que as consultorias ajustam a seu bel entender. De qualquer modo, apesar das críticas que tenhamos sobre esta ou aquela abordagem, o tema continua a nos instigar e as empresas ainda continuam precisando investir na formação de novos líderes e no aperfeiçoamento daqueles que já o são. Seja qual for o título a ser trabalhado nas ações de formação e/ou aperfeiçoamento de gestores, o que parece estar faltando é um vínculo claro entre o que as lideranças fazem na prática e o que se consegue como resultado final. Ou seja, vincular claramente o(s) estilo(s) do líder, suas atitudes, comportamentos, papéis, responsabilidades, com os resultados que se deseja alcançar. Por exemplo, é importante que um gestor na sua empresa saiba administrar os conflitos que surgem no dia a dia na sua área, entre os membros de sua equipe de trabalho? Se a resposta for positiva, a pergunta é: o líder sabe que precisa desenvolver esta competência? Quer, está disposto a dedicar tempo para seu desenvolvimento? Sabe como aprender as novas habilidades? Foi treinado, capacitado para esta prática? Tem a oportunidade de praticar essa competência no dia a dia e está disposto a correr riscos? Finalmente, recebe estímulo/apoio de seu superior e está aberto ao feedback de seus interlocutores?
Olhando para dentro da sua Organização: quais são os maiores desafios da sua empresa hoje, em termos de liderança?
Compartilhe sua opinião conosco!
Esse artigo faz parte de uma trilogia, click aqui para ler o primeiro artigo e em prevê leia o terceiro.
Fausto A. Duarte
Graduação em Psicologia e Mestrado em Gestão por Competências (PUC/SP); nos últimos 15 anos vem atuando em Consultoria de Recursos Humanos desenvolvendo e aplicando programas de treinamento e desenvolvimento para Lideranças e Equipes e projetos relacionados a Mapeamento e Construção de Modelos de Competências, Seleção por Competências, Avaliação e Gestão de Desempenho, Mapeamento de Cultura Organizacional, Coaching Executivo e Transição de Carreira.
Deixe um comentário