Segundo o americano David Ulrich, professor na escola de negócios Ross, da Universidade de Michigan/EUA, e um dos mais renomados especialistas em liderança do mundo, “Investir em gente é uma das decisões de negócios mais acertadas num momento de turbulência. É sobretudo durante uma crise que os líderes têm de tomar as decisões difíceis que irão permitir à Companhia sair-se melhor do que seus concorrentes”. Em 2012 foram entrevistados 430 investidores de diferentes segmentos nos EUA, com mais de 15 anos de experiência nesta área e concluiu que 25% da decisão de investimento deles se baseia na qualidade da liderança das empresas escolhidas.
O Instituto americano Gallup analisou os resultados de 49 empresas americanas de capital aberto, de 2008 a 2012. As que apresentavam um índice maior de funcionários engajados registraram um lucro líquido por ação 147% acima da média da amostra. Para as que registraram os piores índices de engajamento, esse indicador se manteve 2% abaixo da média. O primeiro grupo também foi o que apresentou uma recuperação mais vigorosa pós-crise (Rev. Exame 02/3/2016). Portanto, há a constatação de que há uma correlação direta entre o engajamento das pessoas e a produtividade.
Mas, o que tem a ver produtividade com liderança! Pesquisa realizada pelo HayGroup e pela Universidade de Harvard constatou que a auto imagem do líder é o elemento inicial numa cadeia que impacta o clima organizacional e a performance da equipe: auto imagem / estilo de liderança / clima da equipe / Performance da equipe. 70% da variação no clima organizacional pode ser explicado pelas diferenças nos estilos de liderança utilizados. E, 28% da variação nos resultados financeiros (faturamento e lucro) das organizações, pode ser explicado pelas diferenças no clima organizacional.
A Pesquisa Gallup mencionada acima também concluiu que “as melhores empresas não apenas sabem que a correlação entre liderança e produtividade existe como também buscam aperfeiçoar continuamente o equilíbrio entre essas duas coisas”.
Outras pesquisas apontam nesta direção, a relação direta entre clima / ambiente favorável e produtividade, traduzido por índices menores e/ou ausência de quebras e perdas, retrabalho, absenteísmo, doenças, acidentes de trabalho, sabotagens, rotatividade etc. Nossos antepassados sabiam disso quando afirmavam que: “até o arroz fica com um gostinho diferente quando é feito com amor”.
Assim parece que a equação se completa: pessoas bem tratadas sentem-se mais satisfeitas, estimuladas, valorizadas. Satisfação contamina e ajuda a construir um bom clima de trabalho; ambiente/clima bom atrai e retém gente boa. Dada essa situação as pessoas irão dar o que têm de melhor; o melhor do esforço, da sua inteligência, da sua experiência, do seu comprometimento, da sua colaboração. E quando isso ocorrer o resultado tem se mostrado melhor, diferenciado, superior, fora da curva, fora da média, do padrão.
Produtividade e resultados deixam os acionistas satisfeitos e reforça a disposição em continuar investindo na Companhia. Por essa razão, cada vez mais os acionistas das grandes Organizações têm acompanhado de perto os resultados periódicos das pesquisas de clima/opinião/satisfação.
Em 2005 a Fundação Dom Cabral aplicou uma pesquisa utilizando uma amostra de 242 gestores de 161 empresas para medir o impacto dos programas de desenvolvimento de lideranças nas empresas. Os resultados obtidos: 79% melhoria do clima: 87% melhoria da produtividade; 50% aumento da receita; 56% maior geração de inovações; 56% melhoria da imagem externa; 57% melhoria da produtividade; 74% redução de custos.
Várias edições da Revista “150 Melhores Empresas Para Você Trabalhar” – publicação das Revistas Exame; Você SA e FIA/Progep comprovam que felicidade no trabalho e rentabilidade andam juntas.
A média da rentabilidade sobre o patrimônio liquido das “150 Melhores Empresas Para Você Trabalhar” é 4 pontos percentuais superior à média das 500 Companhias listadas no anuário “Melhores & Maiores” publicado pela Revista Exame. Se se considerar as 10 Melhores empresas para se trabalhar (desse grupo de 150), essa diferença é ainda maior; passa de 7 pontos percentuais. Moral da história: ter um bom ambiente de trabalho dá dinheiro.
Todas as conclusões das pesquisas citadas acima nos apontam para a existência de um efeito de contaminação positivo, que começa com pessoas bem tratadas e valorizadas e termina com empresas com resultados diferenciados.
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Fausto A. Duarte
Graduação em Psicologia e Mestrado em Gestão por Competências (PUC/SP); nos últimos 15 anos vem atuando em Consultoria de Recursos Humanos desenvolvendo e aplicando programas de treinamento e desenvolvimento para Lideranças e Equipes e projetos relacionados a Mapeamento e Construção de Modelos de Competências, Seleção por Competências, Avaliação e Gestão de Desempenho, Mapeamento de Cultura Organizacional, Coaching Executivo e Transição de Carreira.