Recentemente fui presenteada com abraços grátis na Av. Paulista, uma das principais avenidas de negócios em São Paulo. Foi a segunda vez que isto me aconteceu.
Para quem não teve ainda a oportunidade de vivenciar esta experiência, explico; um grupo de voluntários se posiciona na calçada, com um pequeno cartaz com a frase “Abraço grátis”. E se dispõe a abraçar quem estiver pronto para isso. Nas duas vezes, imediatamente, até mesmo por impulso afetivo, abri os braços para receber este carinho. Uma experiência ímpar, numa cidade onde as relações têm se tornado cada vez mais distantes e plásticas.
Iniciativas como esta me despertam a atenção, por trazerem em seu núcleo a simplicidade. Sendo profissional da área de gestão de pessoas, é inevitável não deixar de fazer associações com o ambiente organizacional.
Peguei-me refletindo: por que as pessoas não se mobilizam para fazer isso dentro das empresas? Periodicamente dedicar um dia para um abraço sincero, um dia reservado para dar e acolher o afeto do outro. Um gesto que pode inclusive se estender para os clientes e outras pessoas que visitem a organização naquela data.
Como trabalho muito na área da saúde, imaginei o Dia do Abraço Grátis realizado por profissionais de hospitais, laboratórios, clínicas. Há diversas maneiras pelas quais isso poderia acontecer – confesso que já imaginei algumas.
Outro dia, em um dos meus cursos, provoquei os participantes – a maioria da área de atendimento – a pensar em começar o dia na recepção com a música Happy, Pharrell Williams e parar por alguns minutos para dançar e convidar os clientes a dançarem com eles, como fizemos juntos logo no início do evento. Foi uma provocação, ideia aparentemente maluca (será?), com o intuito de instigar as pessoas a pensarem além do senso comum, das relações padronizadas e distantes entre clientes e profissionais.
Certamente essas iniciativas fora do padrão, desafiadoras, requerem coragem para serem tomadas. O efeito pode ser reverso, as pessoas podem não compreender o objetivo, fazerem críticas ácidas, situações não previstas podem surgir e é preciso estar disposto a enfrentá-las.
Tomando o exemplo do abraço grátis: na rua, este grupo está exposto a todo tipo de abordagem – provavelmente até por isso atuam em grupos. Certamente os organizadores refletiram sobre possíveis vieses com os quais teriam que lidar, cientes de que riscos ocorreriam. Porém, chegaram à conclusão de que os benefícios compensariam as dificuldades. E quem abraça a ideia, o faz porque acredita no propósito desta ação.
Como eles, eu creio que podemos fazer a diferença na sociedade e em nossos ambientes de trabalho com pequenos e simples gestos. Tenho ficado atenta para agir de acordo com este princípio e procurado influenciar as pessoas nesse sentido, como estou fazendo agora.
Se há ambientes inóspitos nas organizações, as pessoas que neles se inserem são responsáveis por isso, como agentes passivos ou ativos. Observo profissionais procurando “terceirizar” esta responsabilidade, isentando-se. Como se fossem o elo fraco da corrente e diante disso nada pudessem fazer. Muitos não reconhecem sua falta de coragem para agir diferente, ou não assumem que, de fato, querem mudanças, mas desde que não tenham que arcar com o ônus disso. Ambientes humanizados não dependem de tecnologias, processos mirabolantes, recursos financeiros e afins. Ou, reconsiderando e parafraseando Lenine, um prestigiado cantor brasileiro: carecem da Tecnologia do Afeto, desenvolvida com vontade, compromisso e atitude das pessoas.
Os voluntários do Abraço Grátis sabem disso e muito provavelmente agem diferente nas organizações das quais participam.
Certa vez li que, conhecimento e afeto são duas coisas que, ao se dividir, o resultado final é de multiplicação. Há também uma história de Claude Steiner – Um conto de carinhos – que refuta a ideia de que carinho deva ser restringido a determinadas pessoas, ambientes e contextos especiais. (Se quiser ler esse conto, acesse nossa publicação do dia 03/02/2017)
Se eu, você e todos os que se interessaram em ler este texto, assumirmos como um propósito, espalhar mais cortesia e afeto em ambientes diversos e principalmente profissionais, somados àqueles que já praticam isso, estaremos germinando sementes para uma sociedade mais humana e, sem dúvida, mais produtiva.
Simples e de um valor imensurável.
Alegre-se ouvindo o vídeo oficial da música Happy – esse é o meu abraço para você, leitor!
Márcia Fonseca
Psicóloga, Coach, Consultora e Docente na área de Gestão de Pessoas, atuando no segmento de serviços de saúde há mais de 20 anos.
Adorei!
Marcia!!!
Que honra ter te conhecido pelo Sindhosp! Voce é fera! Hoje darei um treinamento e já ganhei inspiração pra compartilhar essa dica! Seus comentários são perfeitos!!! Parabéns e até breve
Abraço
Olá Rita,
Segue a resposta da Márcia:
Rita, não tenho dúvidas do quanto você conhece bem o valor de um abraço e sabe abraçar as pessoas com seus gestos, atitudes e palavras. Minha gratidão por me contar que lhe foi útil e que disseminou em seu treinamento. Um beijo com um grande abraço e até breve.
Olá Rita,
Fico muito feliz que goste do conteúdo do Blog e que ele possa te inspirar e contribuir de alguma forma.
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Abrs,
Olá Rita,
Segue a resposta da Márcia ao seu comentário, ficamos felizes em ter você conosco!:
Rita, não tenho dúvidas do quanto você conhece bem o valor de um abraço e sabe abraçar as pessoas com seus gestos, atitudes e palavras. Minha gratidão por me contar que lhe foi útil e que disseminou em seu treinamento. Um beijo com um grande abraço e até breve.
Yara Leal
Siu sua fã dos artigos !!!
Inspiradores!
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