O maior desejo de Rafi era ter alguns dias a sós com seu mestre. Acreditava que, desta forma, seria mais fácil aprender os seus ensinamentos. O mestre, sabendo dos desejos de Rafi, resolveu fazer-lhe uma surpresa. Convidou Rafi para passarem dois dias na montanha. Rafi deu pulos de alegria e foi correndo arrumar suas coisas para ir até a montanha com o seu mestre.
Chegando ao lugar previsto, o mestre deu ordem a Rafi para que ele armasse as barracas e procurasse lenhas. Teria de fazer uma fogueira, pois logo anoiteceria Rafi, com grande devoção, armou as barracas e saiu saltitante em busca das lenhas. Ficou surpreso, diante da dificuldade que enfrentou para encontrar as tais lenhas.
Depois de algumas horas, Rafi voltou, trazendo as lenhas nos braços. Estava cansado e muito irritado, mas voltou a sorrir, quando o mestre veio ao seu encontro, dando-lhe parabéns. O mestre sabia o quando era difícil encontrar as lenhas naquela montanha. Rafi deitou-se para descansar quando o mestre interveio:
– Rafi, está anoitecendo e não temos fogo. Trate de andar rápido e faça uma boa fogueira para que possamos nos aquecer.
Rafi não acreditou no que acabara de ouvir, mas, imediatamente, pôs-se a fazer fogueira. Quando o fogo estava já bem alto, o mestre lhe agradeceu e pôs-se a esquentar-se ao lado da fogueira. Rafi deu-se por satisfeito. Tudo estava na mais perfeita ordem. Ia finalmente poder ouvir os ensinamentos do mestre e depois. Foi, então, que o mestre lhe falou:
– Rafi, agora vou para a barraca orar a noite inteira. Quero dar-lhe uma missão: não permita, sob hipótese alguma, que este fogo se apague. Amanhã, quando o sol raiar, este fogo deverá ainda estar aceso.
Rafi tentou perguntar ao mestre o porquê de tal pedido, mas este já entrara em sua barraca para suas orações, e Rafi sabia que não poderia incomodá-lo. Entediado, Rafi sentou-se ao lado da fogueira. Sabia que não poderia dormir, pois o fogo deveria permanecer aceso. Era necessário colocar lenha de hora em hora para alimentar a fogueira. De repente, olhou para o céu e viu que ia chover. Estava quase amanhecendo, e Rafi estava furioso. Sentia tanta raiva que teve vontade de abandonar o acampamento. Teve de desmontar sua barraca para poder cobrir a lenha e proteger a fogueira. Estava todo molhado e, não suportando mais tanto sofrimento, pôs-se a chorar. Foi quando o mestre lhe apareceu:
– Rafi, se tem por propósito iluminar-se e servir a Deus, deve sempre estar muito bem-disposto a cuidar da sua chama interior. Não permita que nenhum pensamento, nenhuma emoção, criadas por sua própria mente, contamine a sua paz, a sua serenidade. Deve procurar formas e formas de manter sua chama acesa, não se entregando jamais ao desespero. A confiança em seu propósito é o que o guiará e o que o fará manter, sempre, esse fogo aceso. Sem essa chama, você cairá na escuridão e o que poderá aprender quando nada puder ver? Podemos desmontar o acampamento, meu discípulo, e voltar para o nosso templo. A nossa missão aqui nas montanhas está cumprida.
Autor desconhecido
Yara Leal de Carvalho
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