Recentemente escrevi sobre alguns livros que havia adquirido, recomendados pela escola de coaching que estudo atualmente em Bruxelas. Naquele post fiz um “combinado” com você: assim que possível eu partilharia algumas ideias, insights e conteúdos. Então hoje vou concretizar este “combinado”.
Atualmente leio o de Eckhart Tolle chamado A New Earth . Estou adorando e os conceitos escritos sobre a “Nova Terra”. O livro conta sobre o despertar das pessoas para o autoconhecimento e conscientização do que está ao redor e os papeis que desempenham na vida. Há muita conexão com o processo de coaching, oferecendo novas perspectivas em relação ao homem e sua forma de lidar consigo mesmo em seu quotidiano.
Uma das temáticas que destaco hoje são os papéis e facetas das pessoas em suas interações. Logicamente pessoas diferentes preenchem diferentes funções no mundo. O que realmente importa não é a função preenchida em si, mas como a pessoa se identifica com a mesma. Esta identificação geralmente é inconsciente, mas quando a pessoa se percebe exercendo o papel que se identifica, este reconhecimento cria um espaço entre ela e o mesmo, tornando-se o começo da libertação deste papel. Quando a pessoa está totalmente identificada há uma confusão entre um padrão de comportamento com quem a pessoa de fato é. Por exemplo: quando visitamos um médico que se identifica 100% com o seu papel, podemos ser tratados como um estudo de caso ou como um paciente… o nosso lado humano é deixado de lado.
Apesar das estruturas sociais no mundo contemporâneo serem menos rígidas que as culturas antigas, ainda lidamos com muitas funções preestabelecidas ou papéis que as pessoas se identificam e as tornam parte de seu Ego. Este fato faz com que as relações humanas tornem-se menos autênticas, desumanas e alienadas. Os papeis preestabelecidos e vividos 100% do tempo podem dar uma sensação de conforto, mas há o risco da perda de contato consigo mesmo onde a interação com a vida é sempre um papel que desempenhamos, perdendo a essência da interação como e com o ser humano. Um exemplo interessante: quando trabalhamos coaching de carreira com pessoas que estão em transição… o profissional trabalhou muitos anos em determinada empresa e sente-se identificado com a marca, valores e papeis que desempenhava tendo dificuldade em entrar em contato consigo mesmo.
Após 20 anos de serviço em uma determinada corporação, um de meus clientes apresentava muita dificuldade em aceitar sua saída, pois sempre foi o Pedro* da empresa X… quando telefonava para algum cliente, fornecedor, colega, sempre era o Pedro* da empresa X, mas agora que não trabalhava mais para a empresa X e precisava olhar novas oportunidades nas empresas S, T, U, V, etc. tinha muita dificuldade em enxergar-se apenas e genuinamente como o Pedro*, profissional que poderia trabalhar em outras corporações.
Voltando ao livro, Eckrart Tolle traz o exemplo do movimento hippie que surgiu nos anos 60, na costa Oeste dos Estados Unidos onde os jovens rejeitam os arquétipos sociais, os papeis, os padrões de comportamento preestabelecidos. Eles recusavam-se em exercer papeis que seus pais e a sociedade impunha a eles.
O movimento hippie representou a perda da até então rígida estrutura egóica na psique da humanidade. Embora este movimento tenha chegado ao final, foi deixada uma abertura essencial para o despertar da consciência global do ser humano.
Se você está acordado e atento suficientemente para perceber como interage com as pessoas você perceberá súbitas mudanças em seu discurso, sua atitude e comportamento frente a cada interação. Preste atenção em si e conheça-se ainda mais percebendo a sua Nova Terra.
Um abraço e até a próxima,
Ticiana Tucci
ticiana@questaodecoaching.com.br
* nome fictício.
Ainda não terminei o livro e cada capítulo proporciona mais e mais reflexões que ainda pretendo compartilhar por aqui.
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