Sobre a arte de viver – Lições da história para uma vida melhor, de Roman Krznaric é um livro que, à primeira vista, parece integrar o campo de leituras “extraprofissionais”. Contudo, o autor em sua proposta de nos instigar a ir um pouco além em temas que são corriqueiros no cotidiano abre espaços para conversas que se ajustam bem aos corredores profissionais, principalmente entre aqueles que depositam interesse em questões humanas.
Krznaric divide o livro em quatro partes: Relacionamentos, Sustento, Descoberta do Mundo e Quebra de Convenções, tendo definido 3 temas relevantes para cada uma. Destacarei aqui, aleatoriamente, alguns aspectos que me despertaram atenção.
A proposta do autor é de alicerçar sua narrativa na história, ajudando o leitor a distender sua compreensão e até mesmo rever crenças, preconceitos e opiniões sobre como as coisas se estabeleceram da forma como são na atualidade.
No capítulo sobre família, para citar um exemplo disto, ele parece se divertir destacando a proposição bastante comum de que hoje as conversas em família são raras em função do uso da tecnologia e dos novos comportamentos adotados especialmente pelos mais jovens. Krznaric surpreende mostrando que manter conversas em família, de fato, foi uma evolução dos tempos – algo que adquirimos e deveríamos nos preocupar em preservar e expandir – e que talvez estejamos equivocados em denotar à tecnologia e aos hábitos da nova geração o pouco interesse no diálogo durante as refeições.
Ao dedicar-se a falar sobre empatia – um assunto tão relevante para ele que o levou a fundar o Museu da empatia, http://www.empathymuseum.com – o leitor se depara com a história de C. P. Ellis, ex-líder da Ku Klux Klan e seu relacionamento com Ann Atwater, uma militante negra pelos direitos civis. Uma relação que evoluiu do ódio para o amor e o respeito, mérito dos dois envolvidos que decidiram experimentar na prática o que é a verdadeira empatia. Além deste há outros bons exemplos que reforçam a esperança no potencial empático de todo ser humano.
Trabalho é um tópico que merece atenção, pois o autor discorre sobre dois conceitos bastante presentes nas discussões profissionais do momento: o trabalho com propósito e a busca do reconhecimento. Trabalho, aliás, já foi tema de um outro livro seu – Como encontrar o trabalho da sua Vida, cuja resenha você encontra neste blog. Este capítulo e o seguinte, que discorre sobre o Tempo, expandem o olhar sobre como estabelecemos nossos contratos profissionais.
No capítulo sobre Viagens a sensação é realmente de parar e “mudar a chavinha de nossa mente” para entrar no modo “descanso”. De maneira perspicaz, Krznaric estimula o leitor a encontrar o “modo-viajante “que melhor expressa seu jeito de viajar. O tema que se segue, Natureza, surge mantendo a mesma vibração de refletir sobre a necessidade de recarregar as baterias, afinal “a maior parte de nós precisa de uma dose curativa de natureza como parte regular da vida”.
Na última parte, a Quebra de Convenções, Crença é um capítulo que merece uma leitura atenta. Mais do que discutir a formação de crenças, aqui foi dada a oportunidade de refletir sobre como as pessoas encontram subterfúgios para alimentar suas crenças e também, com apoio em exemplos da história, considerar algumas alternativas para refrescar conceitos já enraizados.
Ao longo de todo o livro Krznaric costura presente, passado e seu olhar sobre cada um dos temas que traz para discussão, presenteando o leitor com suas hipóteses de como tecer com arte e sabedoria um cotidiano melhor, sem impor conceitos ou filosofias prontas para serem consumidas.
Sobre a arte de viver – lições da história ara uma vida melhor.
Krznaric, Roman
Editora Zahar.
Márcia Fonseca
Psicóloga, Coach, Consultora e Docente na área de Gestão de Pessoas, atuando no segmento de serviços de saúde há mais de 20 anos.
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