Para que o coachee obtenha o máximo de proveito do processo de coaching ele deve estar atento à alguns aspectos que, se não realizados, podem levar à uma experiência negativa e improdutiva. Hoje, pelo viés do cliente, abordarei as armadilhas e maneiras de ajuda-lo a evitá-las e à obter o maior benefício da relação e processo.
Armadilha 1: Não se comprometer
Sem um comprometimento genuíno, o processo de coaching está fadado ao fracasso desde o início.
Noto que esta armadilha ocorre, principalmente em situações em que o coachee é “convidado” a passar pelo processo, sendo praticamente imposto. Isto pode acontecer em casos de coaching executivo, dentro do ambiente corporativo, onde o gestor simplesmente comunica ao funcionário que o mesmo passará por um coaching sem mais explicações. A conversa é fundamental para entendimento das razões e motivações que levaram o gestor a oferecer esta oportunidade ao seu funcionário.
Outras possíveis razões para a falta de comprometimento por parte do coachee podem ser:
É essencial que a relação seja de comprometimento e confiança. O Coach tem a responsabilidade de analisar essas variáveis e lidar com elas para que o processo possa vencer esses obstáculos e fluir de maneira produtiva.
Armadilha 2: Expectativas irreais
Ocorre que, se os objetivos não forem alinhados para que as metas sejam realistas e atingíveis, o processo estará fadado ao insucesso novamente.
Abaixo algumas expectativas irreais:
Armadilha 3: Atitude defensiva
As nossas defesas têm uma finalidade: elas nos protegem. Elas nos ajudam a enfrentar a vida, mas precisamos ficar atentos para entender até que ponto estão nos prejudicando e nos impedindo de ver a situação de forma clara, limitando-nos a agir e evoluir.
Algumas defesas:
Armadilha 4: Papel passivo no processo de Coaching
Algumas situações podem levar o coachee a ser passivo, tais como:
Quanto mais ativo e envolvido no processo, mais essa oportunidade será proveitosa e produtiva. Feliz daquele que tem este olhar. O coaching é um processo altamente pessoal e personalizado. Na medida em que o coachee for o arquiteto de seu plano de coaching, ele será mais bem sucedido. Um papel ativo do cliente é fundamental. Isto ajudará em:
Armadilha 5: Não arriscar/ tentar proteger-se
O coaching pode dar medo. Abrir-se para outra pessoa (que na maioria dos casos não conhecemos) pode ser apavorante. Para proteger nossos egos, muitos de nós enganamos a nós mesmos e aos outros, de forma consciente ou inconsciente. É essencial que a relação coach/coachee seja de confiança. Mesmo que você não conheça o coach, o primeiro contato é de grande importância para saber se você sentiu empatia, conforto e compatibilidade de energia com o profissional que conduzirá o processo. Se isto não ocorreu, procure outra pessoa. Caso a empresa indicou o coach específico, é importante que a mesma saiba que você não está confortável com determinado profissional e solicitar um outro é de grande valia.
Armadilha 6: Não envolver os outros
Os indivíduos que foram convidados pelos seus chefes, sem explicações, podem ter um ótica negativa. Eles podem sentir-se constrangidos ou acreditar que ficarão diminuídos aos olhos dos colegas e subordinados se souberem que estão fazendo um coaching. Este tipo de segredo é lamentável e sempre é melhor tornar o fato público e de forma natural. É uma oportunidade de desenvolvimento, investimento (tempo e financeiro) e crescimento que está sendo oferecida ao profissional. Apenas em casos que a cultura organizacional é altamente política, de desconfiança e vingativa, talvez justifique a não revelação desta iniciativa de forma “pública” e transparente, mas não me sinto confortável (como coach) em um ambiente como este e provavelmente eu não seria a pessoa certa para conduzir um processo destes, mas eles acontecem, infelizmente.
Se o coachee compartilhar com seus colegas que está trabalhando para se tornar um melhor gestor, líder e profissional, os outros tenderão a fazer concessões e oferecer-lhe apoio. Estes colaboradores podem alterar seu próprio comportamento ao interagirem com o colega coachee. Por exemplo: o coachee pode estar trabalhando para desenvolver melhor capacidade de escuta e, conforme esta meta estiver se tornando pública, as pessoas que há muito tempo desistiram de “falar com as paredes”, podem tentar oferecer nova reconexão, sugestões e feedback direto em relação à necessidade de aprendizado do coachee.
O coaching pode e deve ser imensamente compensador para todas as partes envolvidas. Para obter o máximo de benefício de um relacionamento de coaching, o coachee deve evitar as armadilhas comuns para o sucesso.
COMO OBTER O MÁXIMO DO RELACIONAMENTO DE COACHING
Mentalidade de Sucesso | Mentalidade de Fracasso |
Uma experiência positiva, grande oportunidade | Uma experiência negativa, punição |
Uma oportunidade de desenvolver-se profissionalmente | Uma oportunidade da gerência me controlar |
A honestidade é a melhor política | Este é mais um jogo a ser disputado |
Ter uma mente aberta | Ter uma mente fechada |
Desejo de confiar | Desconfiado |
Aceitação | Rejeição |
Proativo | Reativo e Passivo |
A vulnerabilidade pode levar ao crescimento | Proteger-se, ficar na defensiva |
Tabela extraída do livro: Coaching: O Exercício da Liderança de Marshall GoldSmith, Laurence Lyons e Alyssa Freas.
Estágio | Fazer | Evitar |
Estabelecer a necessidade de coaching | Fazer perguntas para entender as razões para o coaching, o processo e as expectativas | Assumir ou supor, adotar uma atitude negativa |
Reunir-se com o coach | Fazer perguntas ao coach, revelar-se totalmente, discutir expectativas | Seguir o programa cegamente |
Coleta de dados e avaliação das necessidades | Refletir sobre seus pontos fortes, fracos, solicitar feedback, solicitar que as pessoas participem para seu benefício, agradecer-lhes pela ajuda | Ser passivo, ter a mente fechada, ficar na defensiva, ser passivo/agressivo, concordar e não cumprir o acordo. |
Desenvolver um plano de ação | Ser um participante pleno | Escolher metas que sejam fáceis ou seguras, não incluir os outros, ser irrealista sobre o que pode ser conseguido |
Executar o plano de ação | Tentar novos comportamentos, monitorar-se, trazer questões e observações para as reuniões com o coach | Passar batido pelo processo, não tentar nada diferente, dizer aos coaches o que eles querem ouvir |
Avaliar o processo | Solicitar feedback e revisitar metas quando necessário | Avaliar com bas nas atividade e não nos resultados, trata-lo como tarefa “ticada” e seguir em frente |
Tabela extraída do livro: Coaching: O Exercício da Liderança de Marshall GoldSmith, Laurence Lyons e Alyssa Freas.
Boa semana e, se você foi agraciado com um processo de coaching, não deixe de entender os motivos que levaram a isto para fazer sentido à você e aproveitar esta oportunidade única.
Se você é Coach e sente a necessidade de aprimorar seu processo, leia o artigo Mentoring para Futuros e novos Coaches.
Um abraço,
Artigo inspirado no texto de Don Gryson e Kerry Larson, no livro Coaching: O Exercício da Liderança de Marshall GoldSmith, Laurence Lyons e Alyssa Freas.
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