Meu querido diário… Era assim que começava a escrever os meus diários de menina que se perduraram até outro dia. Como foi bom registrar as experiências que vivi, mesmo algumas não sendo as mais coloridas, alegres e positivas. Desde pequenina eu já via a possibilidade de aprender com o que estava vivendo naquele momento. Quando retomei os meus diários para resgatar um pouco da criança que fui, me surpreendi ao ver que desde pequena via às experiências como aprendizado.
Sou uma pessoa que acredita no poder do autoconhecimento e que a cada descoberta e redescoberta sobre a minha própria pessoa, abrem-se novas perspectivas e possibilidades de caminhos. Sabendo a respeito de mim mesma, consigo me entender melhor nas situações que a vida me apresenta e percebo que sempre há espaço para nos conhecermos mais e mais… a questão é infinita e como já dizia a bela música brasileira: “a beleza de ser um eterno aprendiz”.
Ontem, no final do dia, ainda claro pois estamos no horário de verão e a noite chega definitivamente por volta das 22h, comecei a pensar nos meus aprendizados depois que sai do Brasil. Estava jardinando (algo que adoro fazer e que aqui aprendi) e a natureza me provocava e trazia à consciência cada oportunidade de crescimento que tenho vivido.
Assim como em meu diário, foram surgindo diversas situações que registrei na memória e que agora registro neste “papel” J… santa tecnologia que me ensinou que o coração pode ser acalmado pela grande saudade que o envolve com apenas uma chamada de vídeo para as pessoas que amamos lá no Brasil. Mesmo há mais de 10.000 km de separação, só de ver as pessoas, os lugares e ouvir as vozes, as sinto aqui do meu lado e logo me tranquilizo. Às redes sociais também ajudam nesta proximidade.
Mas vamos voltar ao jardim, à natureza… nossa como me sinto bem ao estar integrada a ela. Aprendi que ela tem ciclos lindos, grandiosos e nós também, pois somos natureza.
Aprendi com ela que o som dos passarinhos nos envia sinais de que o dia está iniciando ou terminando, que a terra nos dá sinais que está em movimento e nós também… precisamos sair da versão “piloto automático” para perceber as belezas destes movimentos.
Que tudo na vida passa, são fases, e Deus nos prepara para cada uma delas. Pode ser que não percebamos no exato momento que estamos vivendo uma determinada fase, mas se olharmos para trás e observarmos cautelosamente, com o objetivo de aprendermos algo com o que vivemos, notaremos este preparo.
Aprendi que a vida simples é muito gratificante: caminhar, contemplar a natureza, estar junto com a família em uma refeição, brincar com os filhos ou apenas observá-los brincando, conversando e articulando suas ideias… perceber este movimento de crescimento físico e emocional é único. Lógico que como mãe, a gente se desgasta na educação dos filhos, mas confesso que busco exercitar um distanciamento para enxergar o florescer de cada um… é um aprendizado constante.
Aprendi que quando vivemos fora, não temos um suporte familiar e sempre há alguém para ajudar. Aprendi a pedir ajuda e a estender a mão. Às vezes me acho autossuficiente, mas aprendi que este caminho me consome muito e as energias precisam ser investidas de forma equilibrada. Quando vivemos fora, um ajuda o outro, não tem como não viver esta premissa.
Aprendi que cada um tem suas próprias dores e que sempre temos que respeitá-las. Cada um tem os seus caminhos e por mais difícil que seja para aceitarmos as escolhas daqueles que amamos, temos que respeitá-las e, se possível, apoiá-las.
Aprendi que testamos ainda mais os nossos limites e precisamos ter consciência até onde podemos ir, caso contrário o nosso próprio corpo nos mostrará. O corpo fala e oferece sinais claros quando não estamos bem. O contrário também é verdade.
Aprendi a ser grata pelas minhas pernas que me levam onde quero e desbravam novos horizontes, meus olhos por enxergarem a beleza e ao mesmo tempo a dura realidade de determinadas situações, me ajudando a valorizar o que tenho e conquistei.
Aprendi que em lugares que o céu é frequentemente cinza e a chuva está presente praticamente a cada semana, precisamos criar e desenvolver o nosso sol interno. Ele nos aquece, motiva e nos traz a energia para enfrentar dias como os descritos acima. O sol é vida e nos convida a deitar nos gramados verdes e deixar seus raios penetrarem em nossa pele, recarregando nossas energias. O sol é alegria, sorriso fácil, calor, roupas e vida leve. Ele faz florescer e crescer, ele é realmente imprescindível e oferece muita felicidade.
Aprendi que realmente a união faz a força, as mulheres em especial são seres fortes, que se unem, aprendem umas com as outras, apoiam e lutam por objetivos comuns quando necessário. Juntas vamos mais longe! Além disto, a mulher é um dos grandes pilares que suportam a família. Ela dá o ritmo aos que estão à sua volta.
Aprendi que a vida nos oferece respostas em simples sinais e que precisamos estar atentos ao nosso entorno para percebe-los e capta-las.
E continuo aprendendo e agradecendo por estes aprendizados.
A vida é uma riqueza que temos e a felicidade está na simplicidade de enxergarmos o brilho de cada situação, pois sempre temos algo a aprender.
E você? O que anda aprendendo na sua vida de expatriada?
Um abraço e ótima semana,
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