O contexto
Vivemos um momento em que a tecnologia está assumindo papel de quase dominação em relação ao ser humano – ao invés dela nos servir nós a estamos servindo. O avanço tecnológico é positivo, enquanto chega para trazer mais qualidade de vida para todos, o problema é quando passamos a viver em função dele e isso acaba desencadeando um processo de desumanização. O ambiente dentro das empresas tem deixado a desejar em termos de contenção da humanidade, pelo contrário os profissionais têm adoecido, o que mostra que algo precisa mudar.
A crise que tem trazido alto índice de desemprego, acaba sobrecarregando os profissionais empregados que têm que assumir cada vez mais responsabilidades e sendo submetidos a um estresse prolongado. Somando a isso, a onipresença do trabalho que veio junto com os smartphones, contribui para que o escritório nos acompanhe para onde formos, e traz com ele uma disponibilidade irrestrita, que nos mantém totalmente reféns da falta de limite.
Fomos acostumados a pensar que o estresse faz parte do mundo do trabalho e com isso vamos levando a vida profissional com custos altos para nossa saúde. A Síndrome de Burnout pode ser considerada um problema atual, e sua incidência é motivo de preocupação para as empresas.
O que é?
A síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 pelo psicólogo alemão Herbert J. Freudenberg. O transtorno está registrado no grupo 24 do CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Caracteriza-se pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por exposição prolongada a condições de trabalho desgastantes. Quando o motivo principal para o esgotamento físico e psicológico for a atividade profissional, podemos falar de Burnout.
O Burnout afeta especialmente pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal intenso, como profissionais de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, policiais, líderes de equipes, entre outros.
A International Stress Management Association (ISMA-BR) realizou uma pesquisa em 2018, que constatou que 32% dos trabalhadores no Brasil sofrem com a Síndrome de Burnout. Num ranking entre países o Brasil só fica atrás do Japão.
A síndrome gera um custo pessoal é claro, pois o trabalhador adoece e muitas vezes precisa se afastar do trabalho e as empresas também sofrem impacto financeiro, como decréscimo da produtividade. Segundo outro estudo realizado pela ISMA-BR em 2016, ficou demonstrado que o prejuízo ao PIB (Produto Interno Bruto) pode chegar a 3,5%.
A Consultoria Kronos realizou uma sondagem com 614 gestores de RH dos EUA (2017), que mostrou que na opinião desses gestores os fatores que mais alimentam a síndrome estão:
Compensação injusta – 41%
Carga de trabalho excessiva – 32%
Excesso de horas extras – 12%
Muitas vezes o Burnout pode ser confundido com depressão, mas ela na verdade pode ser um dos sintomas provocado pela exaustão física e mental originada da situação de trabalho exaustiva.
“A Síndrome de Burnout é um fenômeno psicossocial que ocorre como resposta crônica aos estressores interpessoais advindos da situação laboral, uma vez que o ambiente de trabalho e sua organização podem ser responsáveis pelo sofrimento e desgaste que acometem os trabalhadores”.
Maslach e colaboradores
O que explica a Síndrome de Burnout?
Maslach e Jackson criaram e desenvolveram os primeiros métodos investigativos e diagnósticos. Validaram um instrumento de mensuração denominado Maslach Burnout Inventory (MBI), que após aplicação e análise de resultados identificou três dimensões que explicam o Burnout:
Exaustão emocional – sentimento de fadiga e falta de energia para lidar com as situações de trabalho.
Despersonalização – manter-se afastado, indiferente e perder a empatia em relação às pessoas para a quais exerce sua profissão.
Reduzida realização pessoal – baixo sentimento de competência e conquista de sucesso no trabalho.
Quais são os sintomas?
O primeiro sinal de perigo é aquela noção de estar passando dos limites – a pessoa que está sempre correndo, sem tempo para nada e com o foco praticamente total no trabalho. Alto grau de competitividade entre colegas e a disponibilidade para fazer sempre mais.
Um conjunto de sintomas físicos e psicológicos podem ser manifestar em maior ou menor intensidade:
Sintomas físicos:
Sintomas psicológicos
Antes e Depois do Burnout
Essa passagem de um estado para o outro não é repentina e sim gradual, mas muitas pessoas que desenvolvem Burnout, se dedicavam muito ao trabalho, eram produtivas, davam resultados e eram reconhecidas por isso. Só que o acumulo do desgaste e estresse vão contribuindo para fazer a passagem do antes para o depois!
Ações preventivas
O que o profissional pode fazer?
O que a empresa pode fazer?
Ainda que a síndrome não tenha uma solução definitiva, profissionais e empresas devem se esforçar para preveni-la.
Como tratar?
O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feito basicamente pela análise clínica do paciente, por um médico ou psicólogo e o tratamento é um conjunto de terapia e em alguns casos medicação para aliviar os sintomas. Mudanças no estilo de vida do paciente em geral serão recomendadas e estratégias para isso serão construídas durante o processo de terapêutico.
Algumas perguntas – suas respostas podem ser um sinal de alerta!
Como são seus dias de trabalho?
Como se sente em relação ao seu trabalho?
Como está sua motivação para o trabalho?
Como está seu grau de energia?
Como está sua autoestima?
Como sente-se fisicamente?
Como estão seus relacionamentos profissionais?
Converse com alguém de confiança sobre suas respostas e procure ajuda caso perceba que o sinal vermelho começou a piscar!
Abraços,
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