Mais um mês se passou e tive a oportunidade de estar no Brasil por alguns dias e aproveitar o amor de minha família e amigos. Às idas ao Brasil são sempre intensas e nunca é possível cumprir 100% dos planos feitos, mas percebo que cada vez vou aperfeiçoando e otimizando o tempo com o que de fato importa. Estar no Brasil enche o tanque emocional que aos poucos, vivendo fora do país, vai sendo consumido. A bagagem emocional veio com excesso de peso e está pronta para um novo ciclo.
O mês de setembro é como se fosse o mês de fevereiro no Brasil.. aquele depois do ano novo, das férias de verão, é o início de um novo ciclo.
O sol, o calor humano, boas energias e vibrações, entusiasmo e otimismo nos enchem de amor e força para seguirmos em frente com nossos planos e no que acreditamos.
Embora a passagem pelo Brasil foi com o objetivo de férias, tive a oportunidade de participar do lançamento do canal Brasileiros pelo Mundo da querida jornalista Thais Aiello. Thais sempre acompanhou a carreira de executivos em tempos das revistas Exame e Você SA através do Painel Executivo. Hoje, ela está em voo solo com o canal Panorama Executivo, ainda cobrindo os movimentos do mercado executivo e expandindo mais esta cobertura. Através do Panorama, ela abre o Brasileiros pelo Mundo, onde compartilhará histórias de executivos e famílias expatriadas do ponto de vista pessoal e da organização. Minha família foi uma das participantes deste evento! Eu e meu marido gravamos um vídeo para Thais quando esteve em Waterloo (Bélgica) onde contamos os desafios e oportunidades que tivemos e ainda temos por aqui. No Brasil, nós também fomos conversar com um grupo seleto de Executivos de RH e participei como entrevistada para aprofundarmos a conversa. Fomos recebidos pela querida Julia Fernandes Pirola na Novartis e o evento foi liderado pela Thais. Confira algumas fotos:
A troca foi bastante produtiva. Haviam executivos que já foram expatriados, outros que o tema expatriação está na agenda e conhecem bem os desafios do ponto de vista das organizações, outros que trouxeram a visão do cônjuge e família. Um conteúdo rico e interessante. Além da conversa aberta, respondi 5 questões que compartilho com vocês neste artigo:
Morar fora sempre foi um objetivo nosso, então já havíamos decidido que iríamos só não sabíamos a forma e quando. O convite surgiu em julho de 2014. Naquela época eu trabalhava como autonoma e já prestava serviços na área de coaching de carreira e executivo. Nos organizamos para que a mudança fosse a partir do primeiro semestre de 2015. Nesta data, as crianças terminariam o ano escolar, fechariam este importante ciclo e teríamos tempo de nos preparar em termos logísticos (mudança) e aprender um pouco do novo idioma (fomos fazer aulas de francês para ter uma noção básica do que iríamos encontrar pela frente). Meu marido partiu em Setembro e fiquei encarregada das questões locais da mudança e saída do Brasil. A ida no semestre seguinte, também foi pensada em função de minha agenda profissional. Desta forma, terminei 2 projetos de coaching executivo e os processos de coaching individual que estava fazendo na época. Este tempo nos atendeu muito bem. É importante ressaltar a importancia da parceria entre o casal e que, no final, mesmo sendo o funcionário que será expatriado, esta decisão é de cunho familiar (No grupo tivemos um caso de uma executiva que tomou a decisão de forma individual e acabou voltando atrás depois de conversar com a família). É importante que o profissional esteja contente e consciente do que está por vir, mas mais do que isto, que a família também seja considerada dentro deste novo contexto, pois no final, é ela quem vive o dia a dia do novo local. O profissional segue na mesma empresa e cultura corporativa, certamente também tem grandes desafios, mas a vivência no novo local com toda a complexidade e beleza é vivida pelo cônjuge e filhos.
O que nos levou a seguir em frente com este projeto de vida foi a oportunidade de viver algo novo onde todos sairíamos ganhando algo. Os ganhos seriam: aprendizado de pelo menos um novo idioma, educação internacional, segurança, experiência de vida diferente e fora da nossa zona de conforto, maior convivência entre nós 4 (temos um filho e uma filha), contato e vivência com outras culturas, experiência profissional internacional.
2. Do sonho à realidade: imagino que vocês tenham feito toda uma preparação, um planejamento. O que vocês encontraram correspondia ao que haviam idealizado? Quais foram as principais dificuldades e os maiores aprendizados?
No geral, nossas expectativas foram atendidas e, em alguns casos, superadas. O que nos levou à estes resultados foram não pensar e elaborar muito do que iríamos encontrar pela frente. Focamos nos básicos e necessários para o momento. Meu marido já estava em Bruxelas desde Setembro de 2014 e, em Outubro daquele mesmo ano, eu e as crianças fomos conhecer e fazer uma viagem exploratória. Esta viagem foi excelente para entendermos um pouco o que nos esperava. Conheci as estruturas das casas, escolas, bairros, um pouco sobre a Bélgica.. Tudo era diferente. Conversei com brasileiros que já haviam morado por lá e outros que ainda moravam e fui bucando informação e montando em minha mente o que seria bom para nós. Como meu marido já estava por lá foi excelente para complementar com a experiência o que estávamos observando na teoria. Funcionou muito bem esta parceria… como escrevi, é uma decisão familiar.
Em termos de desafios enfrentamos num primeiro momento 2 grandes:
Quanto aos aprendizados , destaco alguns:
3. Há uma carga grande para o cônjuge que acompanha o expatriado, não? Você mesma tem uma história de reinvenção profissional. Além disso, como coach, tem ajudado muitos brasileiros no exterior a encontrar caminhos para a inserção profissional fora do país. Poderia compartilhar conosco essa experiência?
Como mencionei anteriormente, esta é uma decisão familiar. É importante haver um equilíbrio e considerar todas as partes envolvidas. Geralmente, a pessoa que foi expatriada pela empresa viaja muito e o cônjuge fica muito na vida local e por vezes, pode sentir-se solitário. É importante construir uma rede local, além de vir com contatos indicados do Brasil que também podem fazer parte desta rede futuramente. O mesmo vale para o lado profissional. Após 1 ano (tempo planejado) em função integral da casa e família e depois de todos organizados, fui buscar meu caminho profissional onde fiz algumas adpatações para seguir o que almejava. Fui estudar, me aperfeiçoar para as demandas locais em minha área de interesse, me afiliei à entidade local que representa a minha profissão globalmente, fiz uma certificação que me possibilitaria uma entrada no mercado internacional, fiz contatos no Brasil solicitando pontes com contatos na Bélgica e aos poucos fui aumentando a minha rede local e entendendo melhor o campo de trabalho belga. Consegui oportunidades em projetos internacionais e, recentemente, criei um grupo de empoderamento feminino voltado para carreira e vida profissional. Quero ajudar outras mulheres que mudam-se de pais e querem continuar trabalhando, mesmo que em uma área totalmente diferente daquela que trabalhavam em seus paises de origem. É um trabalho de reinvenção profissional, autoavaliação e ampliação de autoconhecimento.
4. Dica de ouro: quais cuidados os indivíduos devem tomar para que a experiência da expatriação seja bem-sucedida?
Se você tem família, é uma decisão conjunta,
Estabeleça às expectativas de todas as partes desde o começo deste projeto de vida,
Tenha um contato local (de preferência de sua mesma origem) que possa te apoiar e orientar nos aspectos mais básicos da vida quotidiana,
Crie uma rede de apoio local,
Para quem realizar este movimento com crianças, busque o entendimento dos currículos escolares (educação local X internacional).
5. Dica de diamante: quais cuidados as empresas devem tomar para que a experiência da expatriação seja bem-sucedida?
Antes de qualquer cargo que o indivíduo possa ter, ele é uma pessoa e deve ser considerado isto quando muda-se de pais. O mesmo vale para a família que o acompanha. As necessidades básicas precisam ser atendidas e levadas em consideração quando apontadas pelo profissional e sua família (ex: casa, escola, formas de integração à nova sociedade, treinamento de interculturalidade, etc).
Lembre-se que uma família feliz deixará o profissional feliz e tranquilo para produzir e cumprir a missão para a qual foi destinado!
Boa mudança e boa semana,
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