Continuando a falar sobre resistência, talvez a melhor forma de dissolvê-la seja através da reflexão. Colocando em xeque nossas verdades e crenças ampliamos o campo de visão e criamos possibilidades. Abaixo segue um breve trecho sobre Rilke e as perguntas.
Rilke nasceu em Praga, em 04 de dezembro de 1875 e faleceu em 1926. Já era um poeta conhecido quando um jovem estudante lhe escreveu pedindo conselhos para se tornar um escritor. Rilke responde ao jovem com uma série de cartas, nas quais trata de algumas grandes questões da vida e não apenas de poesia. Ele fala sobre a solidão, o amor, a dúvida, a morte, o sexo, mas não dá respostas prontas. Ele desafia nossas perguntas, para que cada um tenha coragem de achar sozinho suas respostas. É por isso que escolhi este trecho que fala sobre nossas perguntas mais profundas, aquelas que ninguém consegue responder, a não ser nós mesmos…
“O senhor é tão moço, tão aquém de todo começar, que lhe rogo, como melhor posso, ter paciência com tudo o que há para resolver em seu coração e procurar amar as próprias perguntas como quartos fechados ou livros escritos num idioma muito estrangeiro. Não busque por enquanto respostas que não lhe podem ser dadas, porque não as poderia viver, e é necessário viver tudo. Viva por enquanto as perguntas. Talvez depois, aos poucos, sem que o perceba, num dia longínquo, consiga viver a resposta. Talvez carregue em si a possibilidade de criar e moldar, como uma maneira de ser particularmente feliz e pura. Eduque-se para isto, mas aceite o que vier com toda a confiança. Se vier só da sua vontade, de qualquer necessidade de seu íntimo, aceite-o e não o odeie. A carne é um peso difícil de se carregar. Mas é difícil o que nos incumbiram; quase tudo o que é grave é difícil, e tudo é grave. Se chegar a reconhecer isso e a alcançar – partindo de si, de sua inclinação e de sua maneira de ser, de sua experiência e infância – uma relação inteiramente sua (livre de convenções e costumes) com a carne, não mais deverá temer o perder-se e o tornar-se indigno de sua posse mais preciosa”.
Rainer Maria Rilke
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