A autossabotagem é constituída pelas barreiras que criamos para nos impedir de alcançar ou conquistar as coisas que mais desejamos na vida pessoal ou profissional. Parece absurdo? É a tendência que temos para repetir, no decorrer da vida, atitudes destrutivas, de forma a tornar automáticas coisas que nos fazem mal. Naturalmente a maioria de nós não se dá conta do que faz e geralmente culpa ou outros ou o destino por tudo o que acontece de errado em nossas vidas.
Sei que parece absurdo e realmente é difícil entender que algo dentro de nós age contra nossos planos e desejos. A intenção da autossabotagem é manter o status quo, fazer com que o indivíduo se mantenha dentro da sua zona de conforto. Isso talvez por medo do sucesso ou fracasso, sentimentos de incapacidade ou inadequação, crenças limitantes que nos acompanham desde a infância ou são incorporadas ao longo da vida. A autossabotagem surge geralmente quando se deseja realizar uma mudança em uma determinada área da vida: profissional, relacionamento amoroso, bem estar físico, criação de filhos. Por mais insatisfatória ou indesejável a situação atual, ela ainda é uma zona segura e conhecida.
Uma situação nova geralmente causa um frio na barriga. Para alguns, o desconhecido pode ser instigante, mas para outros, assustador. O medo da felicidade tem como base o receio de uma perda futura. Muitas pessoas ficam com tanto medo do futuro que estragam inconscientemente o presente se autossabotando. Os motivos são os mais variados, desde o não merecimento ao medo das consequências de se sair de zona de conforto conhecida. São os traumas da infância que nos acompanham e nos impedem de gozar a vida plenamente. Sabe quando achamos que encontramos o homem da nossa vida? Quanto mais apaixonados e felizes ficamos, cresce também o medo de um sofrimento futuro e para evitar a (in)felicidade, damos um jeito de magoar a pessoa amada ou inventar problemas que não existem. Exemplos como este, acontecem em outras áreas da vida: saúde, profissional, finanças.
A partir dos acontecimentos da infância nascem os possíveis autossabotadores. Da experiência com um sentimento de abandono, nasce a crença de que se aquilo for repetido, o sofrimento se repetirá. Ou da clássica frase “não fale com estranhos” pode levar um adulto se sentir ameaçado toda vez que conhecer uma nova pessoa. Quantas pessoas querem emagrecer, mas mesmo já saciadas, não conseguem deixar um resto de comida no prato? Provavelmente foram crianças criadas por mães e avós que vierem de épocas mais difíceis e para elas, criança boa era aquela que deixava o prato vazio. Caso se negassem a comer tudo, faziam com que se sentissem mal, lembrando de quantas pessoas morrem de fome no mundo.
O primeiro passo para vencer a autossabotagem é identifica-la. As pessoas autossabotadoras automatizam justamente aquilo que as fazem mal. Por exemplo, a mulher que tem muito medo de ser traída, como viu acontecer com sua mãe a vida toda, mas acaba apenas namorando com homens que a traem. Ou o marido que abandona a família, mesmo tendo prometido que jamais faria o mesmo que o pai. No trabalho é comum observarmos profissionais que tem dificuldade em permanecer num emprego porque sempre que são cobrados reagem de maneira agressiva, pois se lembram da tirania de um de seus pais. O homem que bate nos filhos e jurara nunca faria igual ao seu pai.
Após a tomada de consciência do padrão repetitivo de destruição e realizado um mergulho interior, através de um trabalho de terapia ou Coaching, conforme o caso, para desconstrução de crenças, dissolve-las e se dar permissão para ser feliz, é chegada a hora de praticar o novo padrão. Não é um processo fácil e rápido, é necessário coragem e paciência. Mas garanto, sair de um ciclo vicioso gerador de angustia, ansiedade, medo entre outros males, vale a pena!
Boa semana!
Cassia Verginia de Resende