Entrei em contato com a Teoria U em Janeiro de 2015 quando me inscrevi para a formação online U-Lab: Transformando Negócios, Sociedade e a Si mesmo promovido pelo Otto Scharmer e sua equipe no MIT através da plataforma edx.org.
Me encantei tanto, que em Setembro de 2015 participei do U-Lab 2.0: Transformando Negócios, Sociedade e a Si mesmo para continuar me aprofundando e trocando informações com quem estava na mesma busca.
O curso era online, mas tinha uma plataforma bem interativa e a proposta blended de incentivar que as pessoas se encontrassem presencialmente em hubs locais para trocas de aprendizado. E foi o que eu fiz! No U-lab eu participei do HUB na FGV e no U-LaB 2.0 eu participei no Impact Hub Vila Madalena.
Mas do que se trata esse U-Lab, essa Teoria U, que tem chegado em tantos cantos, mobilizando muitas pessoas?
O U-lab faz parte de um empreendedorismo social do Otto e sua equipe do MIT partindo do desejo de tornar o conhecimento mais acessível e prático em todo mundo. Com os dois U-Labs, mais de 40.000 pessoas em 190 países estiveram conectadas com essa tecnologia social.
A Teoria U é um marco teórico para análise dos princípios, práticas e processos para mudança e transformação social.
A teoria propõe que a qualidade dos resultados que um sistema social cria (qualquer que seja ele: organizações, instituições, comunidades, família) depende da qualidade da consciência dos participantes que operam nele.
Seu ponto de partida se dá da observação de um sistema agonizante que estamos vivendo, no qual, juntos, temos gerado resultados que ninguém quer. Caos climático, escassez de água, bilhões de pessoas vivendo na pobreza, terrorismo, desastres ambientais, crise política, etc. Diante desses sistemas, Otto traz que entramos na Era da Desestabilização, mas que por outro lado, é também a era da renovação pessoal, social e global.
Esses resultados fazem parte da ponta do iceberg, ou seja, daquilo é visível aos nossos olhos, mas que abaixo dessa ponta, há toda uma complexidade e profundidade que nem sempre conseguimos acessar, que são as estruturas, os paradigmas de pensamento e a fonte mais profunda da intenção e do EU.
Para lidar com todas essas questões complexas, ele vai estudar um novo modelo de aprendizagem e inovação que não dá mais para se basear no passado como fazíamos, mas que precisa ser um modelo baseado num futuro que ainda quer emergir.
Mas como aprender a partir de algo que ainda não nasceu?
Durante 20 anos Otto procura investigar essa pergunta e esse modelo de aprendizagem, e numa pesquisa realizada com Joe Jaworski, com mais de 150 líderes referências em inovação e mudança, ele começa a entender que existe esse ciclo de aprendizagem com base no futuro e que para ele acontecer é preciso 3 grandes movimentos:
Observar é parar de fazer “downloading”, ou seja, interromper o antigo processo de operar e suspender seu julgamento. Para aprofundar, ele propõe que faça uma imersão nos lugares e contextos que podem te ensinar mais a responder de formas diferentes. Ver com novos olhos e sentir o campo.
Em seguida, é hora de parar e refletir, entrar em contato com a quietude interna, só desse lugar é possível perceber o que de mais importante quer emergir. Permitir que algo interno surja, conectar com o que realmente importa. Faça isso se perguntando: Que futuro que eu quero criar e fazer parte?
Entrando em contato com esse futuro que quer emergir, torna-se necessário agir. Não é parar para pensar, planejar e se organizar para encontrar o melhor momento de agir, é agir em um instante. “Explore o futuro fazendo!” Essa é uma das grandes premissas da Teoria U. Aprender a partir da ação, do erro, dos feedbacks recebidos. Quanto mais rápido agir e errar, mais rápido irá acertar. Faça algo rápido e pequeno para que seja possível gerar feedbacks rapidamente dos stakeholders mais importantes, permitindo que você possa adequar sua ideia.
A Teoria U só se faz na prática através de uma Jornada. É uma jornada que ajuda a passar do lugar que está “morrendo”, do que não serve mais, do que precisa mudar, para o lugar que quer nascer, mudar, inovar.
É uma importante tecnologia social para ser usada nos diversos campos sociais que estamos inseridos, como nas relações pessoais, relações profissionais, organizações e situações que envolvem diversos stakeholders.
E para passar por essa Jornada precisa-se começar primeiro pela liderança interior.
Se eu quero mudar a minha realidade, primeiro eu preciso mudar a forma como eu opero internamente. O maior impacto que um processo pode ter é quando conseguimos olhar para o espelho, virar a câmera para si, e entender qual a minha real intenção, o que está morrendo em mim, o que preciso deixar ir, e o que está querendo nascer em mim, que eu preciso deixar vir, o que eu não posso mais deixar de fazer.
E para que seja possível passar por esse trabalho de liderança interna, precisa-se trabalhar 3 grandes capacidades: Abrir a Mente (Open Mind), Abrir o Coração (Open Heart), Abrir a Vontade (Open Will).
Na prática, essas 3 capacidades seriam a habilidade de suspender antigos hábitos de pensamento para que possa enxergar com novos olhos, empatizar com os demais envolvidos no campo, conseguindo olhar para a situação sob o ponto de vista de todos os stakeholders, e deixar ir aquilo que não está servindo mais e deixar nascer as novas possibilidades e um novo EU, novas formas de viver e se relacionar.
Essa é uma Jornada para toda a vida. Simples nas palavras, difícil na ação e poderosa quando praticada.
Faço um convite para todos que se sintam chamados a se experimentarem nessa jornada, aprimorando a sua escuta, o contato com o outro e consigo mesmo, abrindo-se para um novo que pode surgir.
Referências:
Livro “Liderar a partir do futuro que emerge” de Otto Scharmer
U-Lab: Transformando Negócios, Sociedade e a Si mesmo
Marcela Lampé Madruga
Psicóloga, Psicodramatista, Coach e Facilitadora de Grupos e Processos Organizacionais. Construiu sua carreira na área corporativa de RH por mais de 10 anos, atuando com desenvolvimento pessoal e organizacional. Seguindo sua jornada por busca de mais propósito, autoconhecimento e transformação, criou a Essência, que tem como propósito despertar e facilitar os processos de transformação das pessoas e organizações, contribuindo para a expansão do olhar e do atuar em busca de resultados mais suste