É nos momentos de mudanças e dificuldades, ou de “crise” como preferem alguns, que os profissionais bem preparados demonstram seu verdadeiro potencial, capacidade e condições para lidar com as adversidades. Sem o preparo prévio, fica bem mais difícil enfrentar tais momentos, propor soluções e permanecer engajado em meio à instabilidade. Os profissionais que gerenciam e cuidam de suas carreiras são os que se destacam nessas horas.
Para mim, uma boa definição de carreira é a do professor Joel Dutra, livre docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP): “Carreira é uma sequência de atitudes e comportamentos associada com a experiência e atividades relacionadas ao trabalho durante o período de vida de uma pessoa”.
É algo, portanto, que precisa de carinho, atenção e gestão ao longo de toda a vida produtiva. Um trabalho de gestão de carreira bem-feito deve envolver quatro aspectos: auto avaliação/autoconhecimento, “auto” motivação, networking e relacionamento, e autodesenvolvimento.
O autoconhecimento é uma etapa importante para a tomada de consciência dos interesses e necessidades individuais, de definição de uma missão de vida, avaliação dos valores do trabalho e definição e cumprimento dos objetivos individuais – “o que eu realmente quero”! A “auto” motivação está relacionada com a procura do que motiva o profissional e o afastamento do que o desmotiva.
Já o networking significa a busca de relacionamentos sustentáveis. Não adianta procurar as pessoas apenas quando se está em busca de uma nova oportunidade de trabalho ou em transição de carreira. O networking é construído ao longo da vida social e corporativa. Também tem a ver com a imagem, com as condutas e posturas adotadas – como todo mundo sabe, não adianta ser bom, tem de parecer e ser percebido como tal.
O autodesenvolvimento, por sua vez, é autoexplicativo: os profissionais são responsáveis pelo próprio aprendizado, portanto, devem buscar ampliar e atualizar a formação, adquirir novos conhecimentos e buscar o aprendizado constante, bem como solicitar feedbacks dos colegas e superiores.
Em relação a esses dois últimos aspectos, as associações profissionais têm um papel importante. Elas criam possibilidades de desenvolvimento e networking com profissionais de diferentes ramos de atividades, gerando oportunidades de aprendizado sem igual. Também propiciam um ambiente favorável para o conhecimento, reconhecimento e desenvolvimento de competências.
Com 50 anos de história, a ABRH-SP é um exemplo nesse sentido. A entidade sempre investiu em cursos e eventos de desenvolvimento para os profissionais de Recursos Humanos e sempre criou maneiras de proporcionar e facilitar o networking entre seus associados. Os Grupos de Estudos sobre diferentes temas de interesse de RH, mantidos há quase uma década, são um exemplo de troca de conhecimento e relacionamento.
Edna Bedani
Psicóloga, Mestre em Administração (linha de pesquisa – Pessoas e Organizações), especialização em Gestão Estratégica de RH e Formação em Coaching e Neurocoaching. Atualmente é Vice-Presidente de Conhecimento e Aprendizagem da ABRH-SP (pela segunda vez – Gestão 2016-2018). Atua também como Executiva na Rede Laureate University, onde ocupa o cargo de Diretora de Recursos Humanos do Complexo Educacional FMU. É professora universitária em cursos de MBA, na FGV- Faculdades Getúlio Vargas e BSP – Business School de SP. Possui ampla experiência na área de Recursos Humanos, com mais de 25 anos de atuação em empresas como Grupo Pão de Açúcar, VDO-Siemens, Accenture, Ticket (Edenred) e atualmente na FMU – Rede Laureate University. Participou do Prêmio Top Of Mind, sendo indicada entre os 05 profissionais de Gestão de Pessoas mais lembrados do Brasil, também indicada entre os profissionais de RH mais admirados do Brasil e já foi eleita entre os 15 profissionais de RH mais respeitados no Brasil.