Olá caro leitor!
Se você está no trabalho lendo esse texto, tire os olhos da tela um pouco e veja à sua volta. Há muitas pessoas por aí? Espero que sim…perguntas rápidas: a maioria são homens ou mulheres? Brancos ou negros? Há algum portador de necessidade especial? Existe respeito pela opção sexual de cada um? Se estiver em uma sala fechada e puder sair um pouquinho, vá pegar um café e faça essa rápida análise. Como é a diversidade no seu local de trabalho?
Esse é um tema polêmico e creio que até aqui no blog ainda não tratamos a respeito (temos um sobre Diversidade Cultural). Mas precisamos falar sobre a diversidade. As empresas são um reflexo da sociedade, afinal estão inseridas nela. E como será que está esse espelhamento? Dados de uma pesquisa realizada desde 2001 pelo Ethos nos mostra que os números estão melhorando, mas longe do que possa ser considerado justo. Veja alguns desses números:
Ethos 2010 | Sexo | Cor/Raça | Deficiência |
Executivo | 13,7% Mulheres 86,3% Homens | 5,3% Negros 1,4% Amarelos 93,3% Brancos | 1,3% Deficiência 98,7% Outros |
Gerência | 22,1% Mulheres 77,9% Homens | 13,2% Negros 1,9% Amarelos 0,2% Indígenas 84,7% Brancos | 0,4% Deficiência 99,6% Outros |
Supervisão | 26,8% Mulheres 73,2% Homens | 25,6% Negros 1,3% Amarelos 0,1% Indígenas 73% Brancos | 0,6% Deficiência 99,4% Outros |
Os dados são de 2010, faz um tempinho já, e espero que estejam melhores. A fonte desses dados foi a revista Profissional e Negócios de Fevereiro/2016 (nº 207, página 28-32) sendo o foco da matéria a responsabilidade do RH em promover o debate sobre respeito e diversidade. Foram citados cases de empresas, exemplos de boas práticas etc…e eu pensei: poxa, é um tema recorrente, há anos é pauta de debates polêmicos na sociedade e até na política. A todo momento algo surge na minha timeline do Facebook sobre diversidade, acredito que na de vocês também. Como melhorar isso? Apenas debater, falar, fóruns, eventos não resolvem…tem que ser algo mais profundo. Quando trabalhamos com um cliente de coaching a mudança generativa acontece a partir do momento em que lidamos com as crenças e valores. Acho que devemos partir desse ponto: a diversidade como valor.
Adoramos pregar a diversidade quando ela se aplica apenas a ter equipes multidisciplinares, heterogêneas…nessa linha. E olhe lá, nem todo gestor gosta de lidar com diferentes perfis. O problema é vermos a diversidade como sinônimo de diferença. Mas o foco do debate deve ser a percepção, a reflexão e atuação sobre os mecanismos que tornam a diferença em desigualdade. Então, como tornar a diversidade um valor? Precisamos articular algumas ideias:
Precisamos entender que a diversidade não é o problema. O ponto é romper com a hegemonia dos iguais e tornar a diversidade como fundamento que faz surgir o novo. Precisamos entender que quando colocamos o diferente no outro o tornamos um dessemelhante. Precisamos entender que somos todos diferentes, diversos, e promover a diversidade é valorizar essa condição.
É importante frisar que não estou defendendo a ideia de desconsiderar as individualidades de habilidades e competências, mas sim descobrir talentos que estão sem participação social e trazê-los à tona para benefício de todos. “No cotidiano das organizações a busca pela representação da diversidade humana em seu bojo deve traduzir-se em ações concretas, que vão desde uma redefinição da política de recursos humanos até a revisão das atitudes de todos os colaboradores.” (http://www.sorri.com.br/diversidade_como_valor)
A diversidade como valor pode e deve ser medida em atitudes proativas que saiam da contemplação para as ações cotidianas. Devemos parar de tratar do tema como um evento pontual na empresa que acontece todo ano para atitudes da vida diária da cultura da organização.
Eu entendo que o caminho é este, ou algo muito próximo. Parar de apenas colocar a diferença no outro e incluir-se como parte de um todo feito de diferenças. Respeitar e buscar o que a diversidade pode nos trazer de positivo não apenas na organização, mas socialmente. E você, o que acha sobre isso?
Grande abraço
Alexandre Nakandakari
alexandre@questaodecoaching.com.br
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