João Cordeiro é formado em psicologia pela PUC, pós-graduado em marketing pela ESPM, especializado em administração de empresas pela FGV e no exterior tem 40 cursos nos EUA e Suíça. É membro de Associações Internacionais como: NSA – National Speaker Association – Tempe, AZ e Neuroleadership Institute – New York, NY. Em sua carreira profissional desempenha papéis de: coach, palestrante e escritor desde 1985 ou 32 anos. Como palestrante realizou no exterior 18 eventos em: inglês e espanhol, nos continentes: América Latina, África, Europa, Ásia e Golfo Pérsico.
Escreveu 3 Livros:
Seus próximos projetos de livros serão sobre os seguintes temas
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QC: Qual a definição de Accountability e como esse conceito impacta a vida das pessoas?
JC: Accountability é uma palavra de origem inglesa que não tem tradução direta para o português, assim como Feedback, Coaching, Fulfillment ou Compliance, e por isso necessita ser explicada por uma ou mais frases. Acountability é o nome dado a uma virtude moral que se refere a pegar responsabilidades para si e gerar respostas com resultado. Não nascemos com essa virtude, e portanto, precisamos treiná-la até que se torne hábito. Ao praticar a Accountability, uma pessoa se torna um profissional mais completo e potencial influenciador, um gestor mais focado em resultados e com feedbacks mais precisos, um pai ou mãe que ajuda os filhos a se tornarem mais independentes e responsáveis, ou até mesmo um sobrevivente com alto nível de alerta e consciente de seus limites.
QC: Accountability e responsabilidade são a mesma coisa?
JC: Accountability Pessoal é por essência o ato de pensar, agir como dono e entregar resultados excepcionais e vai bem além do conceito de Responsabilidade convencional. Responsabilidade vem de fora (ambiente ou circunstâncias) para dentro da mente do indivíduo, precisa ser lembrada e as vezes até escrita. Enquanto que Accountability vem de dentro da mente do indivíduo para fora, não precisa ser lembrada e muito menos escrita. Responsabilidade é um dever, enquanto que Accountability é uma virtude. Como metáfora, costumo exemplificar que se Responsabilidade pudesse ser comparada a uma tia de uma criança, Accountability seria a mãe: ambas podem tomar conta, mas a tia precisa anotar coisas que a mãe simplesmente sabe e orienta.
QC: Na prática, qual a diferença de um profissional Accountable para outro que não desenvolveu essa competência?
JC: Um profissional accountable age como dono, é proativo, está sempre em estado de alerta, presta conta espontaneamente, exerce a humildade, abraça a transparência e o enfrentamento saudável de ideias, sabe do que fala e cumpre o que promete – e, se algo der errado, admite erros, assume a responsabilidade e faz de tudo para consertá-lo.
Já um profissional que cede à Desculpability tipicamente joga a culpa para os outros ou para a circunstâncias e costuma dizer as seguintes frases:
“Isso não é comigo”
“Eu não sabia”
“Não fui avisado”
“Já deu meu horário”
“Não é meu cliente”
“Já estava assim quando cheguei”
“Já enviei o e-mail”
“Não dá para fazer tudo”
“Eles pedem tudo em cima da hora”
“O mercado não ajuda”
“Nós não temos bons fornecedores”
“Não tenho verba”
“A culpa é da TI”
QC: No dia-a-dia de trabalho convivemos com pessoas que estão sempre dando desculpas e procurando culpados, por que isso acontece?
JC: Concluí com minha pesquisa que, enquanto Accountability é uma virtude que desenvolvemos, Desculpability é nata. Estudiosos como Sigmund Freud, Jane Loevinger e René Girard falam sobre essa tendência natural do ser humano em proteger o ego e encontrar culpados. Isso se traduz nas seis macro posturas da Desculpability: agir como vítima, não querer ver, fingir que não há problemas, apontar culpados, reclamar e ficar esperando. Se não desenvolvemos uma força de vontade própria, não somos forçados pelo ambiente, ou se não nos espelhamos em um modelo positivo – ou seja, por meio de trilhas espontâneas ou provocadas –, tais posturas facilmente se perpetuarão em um ambiente de trabalho em que exista uma cultura permissiva a desculpas, feedbacks sejam mau conduzidos e metas não sejam bem definidas.
QC: Como um gestor pode desenvolver a Accountability nos profissionais da sua equipe?
JC: Após o contato com a virtude, o primeiro passo é liderar a si mesmo, incorporando a filosofia da Accountability em seu modelo mental e em suas ações. Deve exigir mais de si mesmo, vigiar sua própria Desculpability, cuidar de sua comunicação verbal e não-verbal, passar a tomar iniciativas e sair da zona de conforto. O segundo passo, e consequência do primeiro, é tornar-se exemplo e influenciar os membros da equipe para fazerem o certo. O objetivo é leva-las a fazer bem-feito e de boa vontade aquilo que é preciso fazer e que, sem sua liderança, elas não fariam. Muitas vezes é necessário fazer perguntas difíceis, como “que contribuição trarei para a empresa sendo complacente?” ou “que legado de gestão eu vou deixar?”. Por fim, e para completar o ciclo da Accountability, o gestor deve conduzir seu time para atravessar momentos de mudanças, apontando o caminho e a urgência da alta performance e do retorno de capital, mostrando os benefícios da Accountability, e finalmente atingindo – ou ultrapassando as metas!
QC: Qual seria sua mensagem final para os nossos leitores?
JC: Nós brasileiros estamos vivendo um momento histórico no Brasil, com esse segundo impeachment e consequente troca de governo. Podemos ter duas posturas: reclamar do governo que faz mau uso do dinheiro público, ou nos direcionar para melhorar nosso país e nossa geração. E essa melhora começa por nós, incorporando virtudes morais, inclusive e principalmente a Accountability. Enquanto vemos a desonestidade nos outros e nos políticos, e nos “esquecemos” que compramos DVDs piratas, que subornamos guardas ou que andamos no acostamento, o Brasil sempre continuará assim. Se cada um fizer sua parte e começar melhorando a si mesmo, conseguiremos melhorar o país. Afinal, “o mundo muda quando a gente muda”.
Veja um pouco mais sobre Accountability no vídeo do Na Prática da Fundação Estudar:
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