E aí, devo fazer outro MBA?

Hoje em dia, ter cursado um MBA tornou-se muito mais comum que anos atrás. Isso tem suas vantagens, pois mais ofertas resultam em mais opções de temas e custos, e mais pessoas podendo ter acesso a estudos de alto nível. Por outro lado, é preciso ter atenção para verificar a qualidade nas tantas variedades, investigar e informar-se com ex-alunos é sempre uma boa pedida.

Com essa popularização, muitos que já haviam concluído um MBA tem se perguntado se deveriam seguir para um segundo e vale considerar alguns pontos nesta análise.

Primeiramente, a maioria dos cursos de MBA no Brasil são latu sensu e não strictu sensu. Ou seja, embora MBA signifique “Master of Business Administration”, alguns cursos adquiriram características mais comerciais e menos focadas em mestrado, não contemplando efetivamente a graduação em um curso stricto sensu.

Outra questão é avaliar o propósito pessoal ao fazer o MBA. Certamente é um “nice to have” e “embeleza” o Curriculum, mas quando se investe tempo e dinheiro consideráveis, é importante ir mais a fundo nos motivos. O diploma de MBA seguramente agrega no momento de uma entrevista, porém bons selecionadores vão além e verificam a soma com experiências e conquistas profissionais.

Se aprendizado é o que se busca, vale investigar na Instituição o tipo de didática proporcionado, se há bom balanço entre teoria e prática, se, por exemplo, oferece projetos aos alunos em empresas parceiras durante o curso.

Dito isso sobre o primeiro MBA, fica ainda a resposta sobre um segundo. Se o primeiro MBA não ofereceu a graduação de mestrado, talvez vale considerar o strictu sensu, porém é fato que tais cursos irão demandar muito mais do aluno que o latu sensu. Um MBA Executivo é considerado para profissionais com mais experiencia e queiram fazer os estudos enquanto trabalham, porém ainda assim exigirá bastante tempo, dedicação e noites em claro, com muita leitura, escrita, testes, reuniões de grupo, além do alto valor do investimento. Um curso no exterior em uma boa escola envolverá altos custos de tuition, viagem, hospedagem, além de um rígido processo seletivo.

Outra avaliação é em torno das aspirações de carreira. Muito embora um curso como esse seja comumente visto com foco em liderança, um MBA strictu sensu é mais focado para aspirantes de carreira acadêmica ou profissionais de consultoria e especialistas em áreas particulares.

Finalmente, e talvez o mais importante: o aprendizado e os contatos que se constroem em um bom curso de MBA talvez não acontecessem em outros ambientes e são valiosíssimos. Conhecer gente nova, colegas e professores, trocar experiências, compartilhar desafios, solucionar problemas reais, pesquisar, analisar e propor inovações, ler e indicar bons livros, artigos e estudos agregam muito para o crescimento pessoal.

João Motta é L&D Lead Latam na Cargill, formado em Design pela Belas Artes, com MBA pela Fundação Getúlio Vargas, Executive MBA pela Harvard Business School e é Coach certificado pelo Co-Active Coaches Institute.