Viés inconsciente e o que seria isso? Começando por definições:
Viés
Linha, trajetória ou direção oblíqua.
Distorção ou tortuosidade na maneira de observar, de julgar ou de agir.
Inconsciente
Que não é feito com intervenção da vontade.
Que é feito sem pensar, sem reflexão
A mente inconsciente é um reservatório de sentimentos, pensamentos, impulsos e memórias que está fora da nossa consciência.
Todos nós construímos a nossa visão de mundo a partir das experiências que vivemos ao longo da vida. Desde a infância acumulamos vivências que se transformam no contorno do mapa de mundo em que acreditamos. “O mapa não é o território” é uma expressão que aprendi durante minha formação em Programação Neurolinguística (PNL) e que enuncia um dos princípios dessa linha de trabalho. Na Geografia, o mapa é a representação de um território e não o território em si. Cada pessoa cria uma representação do mundo em que vive e apresenta comportamentos mediante esse modelo. A nossa visão da realidade não é necessariamente verdadeira, ou seja, não é o território e sim uma representação – um mapa. Reagir aos nossos mapas em vez de reagir diretamente ao mundo é uma situação que acontece com frequência e isso pode se caracterizar como um viés inconsciente, uma vez que nem sempre temos clareza do que está fundamentando nossas ações e opiniões.
Para dar sustentação às nossas crenças, que suportam nossas avaliações, julgamentos e conclusões, conscientes ou não, usamos alguns filtros, sendo eles a distorção, a omissão e a generalização. Podemos usar esses filtros para justificar nossos vieses inconscientes. O perigo é justamente não termos consciência de estarmos fazendo isso. O impacto do viés inconsciente em nossa vida pode ser grande e perigoso por ser imperceptível.
Alguns exemplos da utilização desses filtros, dentro das empresas:
Distorção – nos permite fazer mudanças na nossa base sensorial: Gestores que acreditam que as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, também têm dificuldade para assumir cargos de maior importância dentro das empresas.
Omissão – escolhemos quais os elementos da experiência merecem mais a nossa atenção: Um gestor promove um funcionário por ele ser tão bom com números quanto ele próprio. Olhou apenas um aspecto, omitindo as demais informações.
Generalização – tomamos a parte pelo todo: um gestor sempre que faz um processo seletivo para sua área de engenharia, escolhe candidatos do sexo masculino. Essas decisões podem estar sustentadas por um viés inconsciente baseado na crença de que homens tem raciocínio lógico mais desenvolvido.
Outro tipo de viés inconsciente foi descrito por Edward Lee Thorndike em 1920, é o efeito de Halo, ou seja, criada uma primeira impressão sobre uma pessoa, temos a tendência para captar as características que vão confirmar essa mesma impressão e fazemos isso sem perceber que fazemos. Dentro das empresas caso a percepção inicial ou parcial em relação a um funcionário for positiva, a avaliação do desempenho provavelmente será mais alta do que caso a percepção for negativa.
O mapa não é o Território
Muitas vezes não é a realidade objetiva que limita ou favorece as pessoas, mas sim as escolhas percebidas como disponíveis a partir de seus próprios modelos de mundo. Não existe um mapa mais verdadeiro que outro – ninguém possui o mapa correto.
O importante aqui é perceber que nossas representações internas, ou seja, nossos “mapas pessoais”, estão longe de corresponderem 100% ao mundo externo. Isso mostra que somos muito influenciados pela primeira impressão que temos das pessoas e produtos.
Dentro das empresas o maior desafio parece ser vencer os preconceitos inconscientes. A proporção de executivos que citam a diversidade como prioridade número 1 aumentou 32% de 2014 para 2017, segundo o relatório Diversity and Inclusion, The Reality Gap, da consultoria Deloitte. Mas segundo esse mesmo estudo somente 12% das companhias de fato atingem o grau mais elevado de inclusão. O viés inconsciente é um dos fatores que pode explicar essa lentidão no avanço da inclusão da diversidade dentro das empresas. A intenção existe, mas inconscientemente os executivos ainda boicotam os profissionais pertencentes às minorias.
Abaixo algumas recomendações de como, cada um de nós, pode diminuir o impacto do viés inconsciente:
As empresas, por meio de suas áreas e RH, também podem e devem contribuir para que o preconceito seja exposto e que medidas sejam desenvolvidas para que a diversidade seja alcançada e que os profissionais pertencentes às minorias sociais se sintam representadas e tenham espaço para crescer e se desenvolver.
Vencer o viés Inconsciente pode ser um grande diferencial, pois contribui para trazer e desenvolver uma representatividade da sociedade para dentro da empresa e, com isso, formas de pensamento divergentes que vão contribuir para os resultados almejados.
Abraços,
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