O Dialogo da Caverna tem para mim uma correlação com o processo de ampliação de possibilidades que ocorre durante o processo de coaching. Para poder aproveitar as reflexões abaixo seria interessante, que você leitor, lesse o Mito da caverna, clicando aqui.
As pessoas acorrentadas dentro da caverna, podem representar cada um de nós, presos ao nosso mundo interior que é moldado por nossa história de vida, valores e crenças que limitam e restringem nossa visão, fazendo com que olhemos para uma única direção e tenhamos uma visão restrita da realidade. Ao olharmos o mundo, construímos uma representação interna da realidade, que é fundamentada naquilo que recebemos dos nossos pais, nas crenças que construímos e herdamos e nos valores que aprendemos a considerar. Essa visão de realidade é uma forma de organização interna que nos dá segurança e nos ajuda a transitar pela vida com mais tranquilidade, pois nos dá algumas certezas.
Dentro da caverna, os acorrentados estavam seguros e viviam com certeza de que aquela era a única verdade possível sobre a vida e o mundo.
Só que essa segurança ilusória acaba por empobrecer nosso cotidiano, pois impede que enxerguemos outras vertentes da realidade que poderiam engrandecer a qualidade de nossas vidas.
Quando um dos acorrentados é levado para fora da caverna, passa por uma dificuldade inicial em função da exposição à luz solar, isso pode ser comparado à dor que enfrentamos ao passarmos por mudanças, que exigem de nós readaptações, identificação de novas competências, abandono de crenças antigas e enfrentamento do novo. Tudo isso pode ser doloroso, mas gera crescimento, abertura para novas possibilidade que enriquecem a vida e disponibilizam maior adaptação a novas condições. Quanto mais adaptáveis e flexíveis, mais condição de sobrevivência teremos.
Uma vez fora da caverna, dificilmente esse homem vai se adaptar novamente às condições restritas da caverna, pois sua visão foi ampliada e ele sentiu as vantagens disso. Ampliando sua visão de mundo, o acorrentado terá que enfrentar as pessoas com as quais conviveu e que continuam a ser as mesmas e que poderão reagir a sua nova forma de agir. Todo esse processo de mudança exige empenho e o enfrentamento de obstáculos. Com sua mudança – o acorrentado – vai provocar a saída dos demais acorrentados da zona de conforto e provavelmente eles também se modifiquem.
As pessoas dentro da caverna viviam iludidas por sua percepção restrita da realidade e caso tenhamos certeza de que só existe o que enxergamos, nossa visão estará fadada a limitação. A dúvida é chave para se escapar da prisão do nosso mundo interno onde estamos presos.
As certezas nos fazem caminhar por estradas já conhecidas, evitando qualquer atalho, pois um atalho significa algo incerto, desconhecido e potencialmente perigoso, mas por outro lado pode nos reservar ótimas surpresas. A pessoa que saiu da caverna, se ariscou a encarar o desconhecido e a trilhar novos caminhos.
Durante o processo de coaching acontece algo parecido, por meio de perguntas e provocação da reflexão o coach incentiva o coachee a ampliar sua visão sobre sua realidade e encontrar mais possibilidade para entender e agir sobre sua vida. Uma vez tendo ampliado suas possibilidades fica difícil voltar à visão anterior mais restrita.
Sócrates conduzia seus interlocutores a duvidar de seu próprio conhecimento, por meio da Maiêutica Socrática (século IV a.C). Fazendo questões simples e perspicazes provocava ampliação da visão e a busca por novos ângulos de interpretação da realidade.
Abraços e até o próximo artigo!
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