PARABÉNS…
Por ter escolhido uma carreira maravilhosa que te dará a oportunidade de:
E QUE JUNG TE ACOMPANHE
De Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
Isto vale para todos, não só para RH, mas você de RH, além de fazê-lo, tem que ser visto como exemplo para a organização e influenciá-la a adotar essa atitude.
Nós, seres humanos, em qualquer nível ou lugar da organização, somos gente que tem sentimentos e aspirações, com o direito de sermos tratados como gente, não como número, ativo, crachá real ou virtual.
Coloque-se sempre no lugar de seu interlocutor… EMPATIA, EMPATIA…Simples assim. Aliás, não só na vida profissional…na vida pessoal também.
O TRABALHO DE RH PODE TER IMPACTO POSITIVO NA SOCIEDADE?
Pode, sim, e muito impacto.
O resultado de qualquer empresa é produto da definição, integração e implementação de três elementos da gestão: (1) cultura, (2) liderança e (3) identidade corporativa (propósito, missão, visão, valores).
É responsabilidade de RH conduzir o debate interno que leva à criação ou à renovação desses três temas. Não quer dizer que RH faça isso sozinho. Aliás, ninguém faz nada sozinho na empresa.
Mas é RH que detém o conhecimento técnico sobre esses assuntos e, aliando o conhecimento técnico a uma atuação efetiva como líder político na organização, exerce influência decisiva na construção e condução do destino da empresa.
RH E A FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA
Pense nos impactos que a empresa pode ter na sociedade. Alguns exemplos:
Ainda que incompleta, esta lista demonstra como são amplos e profundos os benefícios que empresas conscientes de sua função social trazem para a coletividade.
Se, como vimos no tópico anterior, RH exerce papel decisivo na construção e condução do destino da empresa, segue-se que:
QUAL O PAPEL DE RH NA SUA EMPRESA?
A evolução de RH nos últimos 70 anos registra quatro fases distintas (que se acumulam, não se substituem):
No Brasil, esta questão não tem sido discutida com a devida atenção nos últimos anos. Mesmo nos eventos mais relevantes, debate-se o que fazer nas diversas áreas mas se esquece da pergunta essencial: por que existe RH?
Como diria Simon Sinek, brilhante influenciador dos tempos atuais, comece definindo a razão de fazer o que você vai fazer (“Start with why”) e não o que fazer e como fazer.
Procure refletir, desde já, sobre essa questão. Aliás, na própria empresa onde você está. Saber debatê-la e respondê-la pode acelerar o seu sucesso profissional.
ULRICH E O PROPÓSITO DE RH
A concepção moderna mais relevante sobre o papel de RH está presente nos estudos e publicações de Dave Ulrich e seus colegas da Universidade de Michigan e da Consultoria RBL. Aliás, não há nem pode haver profissional bem-sucedido em RH que não conheça as principais teses de Ulrich, maior pensador nesta área nos últimos 25 anos.
Ulrich considera talento, liderança e cultura como os temas principais na agenda de RH, que devem se alinhar na busca do objetivo maior: a construção de organizações vencedoras.
Em artigo publicado no LinkedIn em 2018, Ulrich sintetizou assim a jornada de RH (tradução livre do autor):
RH se torna respeitado e ajuda a empresa a ser vitoriosa quando assegura que a organização tenha o talento, a liderança e a cultura que estimulam:
Quando RH ajuda uma empresa a vencer, está ajudando os empregados:
• a garantir o emprego e ter um ambiente de trabalho saudável onde:
• possam acreditar e confiar no propósito da empresa;
• se sintam como parte de uma comunidade e tenham segurança;
• possam se tornar melhores como pessoas;
• sejam tratados com dignidade e respeito.
Uma descrição simples e objetiva sobre a grandeza do propósito de RH, que deve orgulhar todos os profissionais da área. Temo, porém, que muitos não a conheçam.
Se você ainda não leu Ulrich, comece logo. Tenho certeza de que isso fará uma enorme diferença na sua história como profissional de RH.
O SUCESSO COMO LÍDER DE RH NÃO É SÓ PARA OS ESCOLHIDOS
Qualquer profissional que busque o sucesso como líder em RH pode alcançar esse objetivo. Você também, desde que se prepare para isso, adquirindo os conhecimentos e desenvolvendo as competências necessárias.
Conhecimento é fundamental
Esta é a premissa fundamental: RH é ciência e deve ser tratada como tal.
Tenha como lema ser um eterno aprendiz…busque sempre o enriquecimento intelectual e valorize a disseminação de conhecimento dentro da empresa. E console-se desde já: por mais que você se esforce, nunca saberá tudo.
Falando de conhecimentos, estes são fundamentais no currículo do executivo moderno de RH:
Competências de liderança
A discussão sobre estas competências exige estrutura e profundidade. Como não é este o objetivo do artigo, limito-me a citá-las.
Algumas são clássicas: pensamento estratégico, execução, foco no cliente, formação de talentos e de líderes.
Outras podem ser definidas em função do contexto de cada empresa ou da conjuntura. Neste mundo VUCA em que vivemos, é vital a agilidade de aprendizagem (learning agility), para entender e agir rapidamente em relação a mudanças diversas (mercado, comportamentos sociais e políticos, tecnologia).
A exigência desse conhecimento e dessas competências não é a mesma para o Analista de Treinamento e para o VP da área. Mas, se você é esse Analista e quer ser VP um dia, comece a se envolver com esse contexto desde já.
O NIRVANA COMO EXECUTIVO DE RH – ATITUDE É FUNDAMENTAL
Exercer liderança política dentro da organização é crucial para profissionais de RH, em todos os níveis. Se você não consegue se estabelecer como liderança política, você não será ouvido, não influenciará ninguém. Esta responsabilidade é de todos na equipe de RH, não é privativa do Diretor ou VP. Um Analista de Remuneração bem preparado influencia o CEO…isto é exercer liderança política.
Numa definição concisa, liderança política significa a vontade e a capacidade de um indivíduo ou um grupo de moldar de maneira sustentável os processos sociais, respeitando os direitos humanos, o bem comum acima de interesses individuais e a inclusão de todos os participantes.
Trazido para o contexto empresarial, isso significa a vontade e a capacidade de influir na definição do destino da organização e dos modelos e atos de gestão que levarão ao resultado pretendido.
Exercer liderança política tem a ver com ATITUDE. A combinação dessa atitude com o conhecimento e as competências mencionadas é o nirvana para o executivo de RH.
Mas, lembre-se:A melhor capacidade de liderança política naufraga se não for sustentada por sólido conhecimento.
O NOVO CONTEXTO POLÍTICO/SOCIAL NO MUNDO OCIDENTAL
Neste novo contexto, destaco alguns elementos:
Essas mudanças fortalecem a percepção de que a empresa, vista tradicionalmente como instituição social e econômica, assume, cada vez mais, uma natureza política, de quem os stakeholders exigem uma nova postura: a de inspirar e influenciar condutas relevantes para o desenvolvimento da sociedade.
A sensibilidade para entender esses movimentos e a eles se adaptar exige dos executivos da empresa, e principalmente dos executivos de RH, um conhecimento adequado sobre conceitos e fundamentos de Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia e Ciências Políticas).
A exemplo de outros conhecimentos já mencionados, você não precisa se tornar um expert em Ciências Sociais. Basta entender esses conceitos e fundamentos para poder fazer as perguntas certas aos Murillo de Aragão e aos Ricardo Amorim e agir sobre as implicações que tendências e fatos podem trazer para a empresa.
SEJA UM MANDELA EM SUA ORGANIZAÇÃO
Se você concorda que há nobreza no trabalho de RH, pense em como se desenvolver profissionalmente para dar sua parte em benefício da sociedade.
Não se limite, pense em grandes líderes que você admira como agentes das transformações empresariais, sociais e políticas…mais cedo ou mais tarde, essas pessoas serão reconhecidas como estadistas e entrarão para a história, seja do país, seja da organização.
Por definição, você encontra estadistas na vida pública, embora, admitamos, eles parecem estar se tornando uma espécie em extinção. O estadista tem alguns atributos, tais como:
· Busca reformar e fortalecer as instituições.
· É corajoso e não teme se tornar impopular quando necessário pelo bem comum.
· Coloca os interesses da nação acima de qualquer interesse pessoal ou partidário.
· Tem grandeza de espírito e sabedoria superiores.
· Combina a ética com a eficácia das iniciativas.
Dizem que os políticos pensam na própria eleição e os estadistas na próxima geração. Trazendo o conceito para o contexto da empresa, eu diria que o gestor comum se orienta por ações que garantam o bônus anual enquanto que o estadista busca a perpetuação da empresa. Isto é grandioso, desafiador, mas são estadistas que mudam o mundo. Seja um Mandela na sua organização.
Sempre haverá gente para manter a eficiência e previsibilidade das coisas como estão e para garantir os avanços gradativos naturais de qualquer empresa. Aliás, missões de muita responsabilidade e de muita importância. Mas as mudanças são necessárias e, adaptando Darwin, vence quem melhor se adapta ao novo ambiente.
Na sua vida corporativa, você já cruzou com alguém que mereça o título de estadista?
MANDELAS CONSTRÓEM CATEDRAIS E INSPIRAM PROPÓSITOS
A “Metáfora da Catedral”, reproduzida abaixo, é uma história do século XVII, de autor desconhecido. Se você já a conhece, peço licença para repeti-la.
Três pedreiros, fazendo exatamente o mesmo trabalho, deram respostas distintas à pergunta “o que você está fazendo agora?”.
O primeiro Estou assentando tijolos.
O segundo Estou erguendo uma parede.
O terceiro Estou construindo uma catedral!
Transportando a ideia para o contexto profissional, o funcionário da limpeza pública não recolhe lixo; ele contribui para a melhoria dos índices de saúde da população e, consequentemente, para o melhor uso dos recursos do Estado, que são, na realidade, dos cidadãos. Outro exemplo: O motorista da van escolar não dirige um veículo; ele conduz as crianças para o encontro com o conhecimento, o que fará uma grande diferença no futuro delas.
Se você está em RH, reflita…o impacto de seu trabalho ultrapassa a área de RH, a empresa…ele afeta a sociedade…desde cedo, procure definir a sua catedral, o seu propósito.
MAS, CUIDADO, HÁ PERIGO NA ESQUINA…
Às vezes, profissionais da área cometem inaceitáveis erros de discernimento. Alguns exemplos:
Oba-oba, show business, a forma se sobrepondo ao conteúdo
RH é trabalho sério e apresentá-lo via efeitos especiais disfarçados depõe contra a profissão inteira. Se você combinar conhecimento, liderança e atitude, certamente dispensará a ajuda desses recursos.
A distorção no politicamente correto
Respeitar as pessoas e valorizar as diferenças é dever civilizatório. Muitas empresas têm recebido merecidos elogios pelos extraordinários resultados alcançados nessa área. Algumas, aliás, estão nessa jornada admirável há muitos anos. Mas parte do universo de RH resvala, às vezes, para o politicamente correto só para ser politicamente correto e invade a área da hipocrisia.
Até hoje não entendo a razão de se usar a expressão colaborador em vez de empregado ou funcionário. Embora o uso não seja generalizado, há um número respeitável de empresas que o fazem. Tenho certeza de que não foi uma reivindicação dos próprios. Talvez alguém com poder na organização tenha pensado um dia que chamá-los pelo que são os diminuiria…coitadinhos. A mentalidade da casa grande na gestão de RH…O que há de errado em se chamar alguém de empregado ou funcionário?
Nunca abra mão da autenticidade, atributo vital na gestão de RH.
Vitimismo
Peter Drucker, o maior pensador da história no tema gestão, escreveu um livro em 1954 (“The practice of management”), no qual comentou, entre outras coisas, que o profissional de RH na época era insatisfeito porque julgava que não tinha status na organização. O livro foi escrito em mil, novecentos e cinquenta e quatro, por extenso para que não haja dúvida. Essa reclamação persiste até hoje, passados mais de 60 anos. Ainda é comum ver comentários de profissionais de RH ecoando a mesma reclamação observada por Drucker em 1954. Olha, sinceramente, quem tem conhecimento, competência e atitude se torna indispensável nos fóruns de decisão da empresa.
MENSAGENS FINAIS
Ser RH não é concurso de popularidade
Tudo o que estiver em sua agenda tem impacto em pessoas, cujas expectativas, legítimas ou não, nem sempre são atendidas, e as decisões que você tomar ou influenciar podem gerar frustrações, incompreensões, acusações.
Como já se disse e se escreveu por aí, RH não existe para ser legal com as pessoas.
RH é o trabalho mais difícil na organização. Li, recentemente, um artigo no qual um profissional de RH, engenheiro aeronáutico que atuara antes em Engenharia e Finanças, afirmava:
RH de verdade é profissão de risco, que exige persistência, altivez, resiliência, coragem para fazer o que deve ser feito, pensando no equilíbrio de aspirações e interesses dos diversos stakeholders.
Princípios x interesses
Excelência em RH começa com uma regra básica: guie-se por princípios em qualquer trabalho que você faça e ganhará a confiança e o respeito de todos, mesmo daqueles que, em algum momento, se sentiram insatisfeitos com as suas decisões.
Interesses, próprios ou de terceiros, não têm nada a ver com uma gestão profissional de RH.
Princípios são permanentes, interesses são passageiros.
Nunca abra mão de seus princípios, mesmo que seja desconfortável; se você o fizer uma vez, para atender a interesses, sua reputação poderá estar decolando rumo à lata do lixo.
Tudo que está em sua agenda é importante
Em RH, tudo o que a gente faz bem deve ser motivo de orgulho. Não existem coisas grandes ou pequenas. A atualização de uma Carteira do Trabalho tem um valor enorme para o empregado que a solicita e a implementação de uma ação revolucionária de diversidade tem enorme valor para a organização como um todo. Não posso me orgulhar por ter implementado a ação de diversidade se não consigo atender em prazo decente um pedido de atualização de uma CTPS.
“Nada é permanente, exceto a mudança”
Este é um pensamento de Heráclito, filósofo grego que viveu entre 540 a.C. e 470 a.C. Há quem se angustie com o mundo VUCA de hoje mas parece que nossos antepassados enfrentaram situações comparáveis…e triunfaram…senão, não estaríamos aqui.
Ame o passado mas o novo sempre vem…Abrace a mudança. Fique atento para sentir em que direção os ventos estão soprando e procure mudar enquanto você é líder pois isso te dará a possibilidade de conduzir a mudança e manter a posição de liderança.
Arthur Ashe: Obrigado pelo conselho, tão simples quanto profundo
Ashe, extraordinário tenista americano já falecido, se dedicou no pós-carreira a causas sociais. Uma de suas mensagens, reproduzida abaixo (tradução livre do autor), se aplica perfeitamente a pessoas como você, que estão começando uma jornada:
Para ser grande na vida (To achieve greatness)
CONCLUSÃO
Obrigado pelo tempo que você dedicou a esta leitura.
Espero que o texto aumente a sua vontade de seguir uma carreira em RH e de fazer uma diferença na vida de pessoas, organizações, sociedades.
Glenn G. Jones, um consultor inglês, lançou um livro em 2018 cuja mensagem central é a seguinte: No século 21, RH deve assumir papel de liderança no sentido de transformar o mundo.
Boa sorte em sua carreira…e, quem sabe, você será um/a dos líderes de RH que transformarão o mundo.
Caso você queira trocar ideias sobre o tema, fique à vontade para me escrever no endereço abaixo. Terei muito prazer em conhecer suas ideias sobre RH.
Salvador Evangelista
Sócio – Bizup Business Leverage
salvador.evangelista@bizupleverage.com
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